Peru

Esta viagem ao Peru aconteceu ente o dia 23 de Dezembro de 2008 e o dia 28 de Janeiro de 2009. Nela, a Família Goldschmidt visitou toda a região centro-sul do país, onde estão seus principais destinos turísticos.
Viajando pelo Peru descobrimos um país repleto de lindos contrastes, com uma natureza privilegiada e um povo amável e gentil. Tenho certeza de que você vai gostar.

Bem- vindo a bordo!

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Família Goldschmidt – Expedição Peru 17 de Dezembro de 2008

Hoje damos inicio a mais um diário de bordo da Família Goldschmidt. Para quem não sabe, somos uma família que desde 1999 viaja pela América do Sul descobrindo e divulgando novos roteiros turísticos. Nossa intenção é incentivar as pessoas a viajar e de preferência em família. Entendemos que durante uma viagem os relacionamentos são aperfeiçoados, as memórias compartilhadas e muita coisa boa surge no coração de todos. Por isto viajamos juntos a tanto tempo e pretendemos viajar muito mais.

Há quase 10 anos atrás criamos a Expedição Giro Pela América, cujo objetivo é percorrer todos os países da América do Sul e todos os estados brasileiros. Para facilitar sua execução, decidimos dividir a Expedição em várias etapas. Desde 1999 já realizamos duas grandes viagens:

Cone Sul – 1999/2000

A bordo do motorhome Pégaso a Família explorou em 331 dias os principais destinos turísticos do Cone Sul: Brasil, Uruguai, Argentina, Chile e Paraguai. Foram mais de 31 mil quilômetros percorridos, com ampla cobertura da mídia nacional e internacional.

Brasil – 2002/2004

Desta vez a Família Goldschmidt percorreu, em 434 dias, as estradas do Brasil visitando 17 estados e todas as regiões de norte a sul. Foram 60 mil quilômetros de estradas, 3 mil quilômetros navegados e um sem número de descobertas e aventuras.
Agora a Família Goldschmidt começa uma nova etapa, a Expedição Peru, o país dos Incas. A partir do dia 23 de Dezembro iremos percorrer, durante 35 dias, várias regiões deste país. Percorreremos estradas desde a costa do Pacífico até os glaciares da Cordilheira dos Andes. Desde o árido deserto de Nazca até a úmida selva amazônica. E você poderá acompanhar tudo, todos os dias, através do Blog da Família Goldschmidt. Esperamos vocês aqui todos dos dias com muitas novidades e fotos.
Bem-vindos a bordo da Expedição Peru – O país dos Incas

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Novidades Expedição Peru 18 de Dezembro de 2008

Hoje estamos oficialmente iniciando mais uma fase da Expedição Giro Pela América. Desta vez o país a ser visitado será o Peru. Esta expedição marca algumas mudanças importantes em nosso estilo de viagem embora nossos objetivos continuem os mesmos.

Além de descobrir e divulgar novos roteiros turísticos, continuamos promovendo o turismo em família e incentivando o Turismo Sustentável, aquele que preserva não só o meio ambiente, mas também a comunidade que vive nele.

Descanso ao Pégaso

Nesta expedição vamos dar um descanso ao Pégaso, nosso motorhome.  São muitos quilômetros a percorrer em poucos dias e isto seria muito estressante para nossa querida casa sobre rodas. Vamos viajar até o peru de avião. Depois, já no país vamos usar os transportes disponíveis no local, usado no dia a dia pela população. Desta maneira pretendemos mostrar um país de dentro para fora, revelando as todas as cores e sabores desta magnífica região. Vamos visitar seis diferentes regiões do país, variando altitudes desde o nível do mar até 4.300 metros. Visitaremos desertos, glaciares, ruínas milenares, cemitério com múmias, pirâmides, palácios Incas e muito mais. Faremos também caminhadas, rafting, cavalgadas, descidas de bike, vôos de parapente e muitas atividades com o objetivo mostrar a vocês um país completo em todos os sentidos.

Veja nosso roteiro:

Dezembro/08

* 23 a 26 – Lima

* 27 a 31 – Huaraz

Janeiro/09

* 01 a 05 – Nazca / Ica / Paracas

* 06 a 10 – Arequipa / Cânion de Colca
*11 a 14 – Puno – Lago Titicaca

* 15 – Travessia Altiplano

* 16 a 22 –  Cusco / Vale Sagrado

* 23 a 24 – Machu Picchu

* 25 e 26 – Cusco – Lima – Brasil

Nosso diário de bordo será atualizado todos os dias. A partir de manhã, contarem mais detalhes da expedição e também dos lugares que vamos visitar.

Peter Goldschmidt – www.familiagold.com.br

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Ordem e Planejamento 19 de Dezembro de 2008

Dentro de mais alguns dias estaremos embarcando para o Peru para mais uma fase da Expedição Giro Pela América. As malas já estão quase prontas e os equipamentos a serem usados estão sendo preparados.

Esta viagem, apesar de curta (para nossos padrões) está se mostrando um desafio tão grande como nas expedições de longa duração. Antes, apesar de passarmos até um ano e meio fora de casa, nós viajamos de motorhome, que na verdade é nossa “casa sobre rodas”. Assim, mesmo fora de casa, todo dia voltávamos para casa, o que era um conforto importante. O Pégaso era uma ilha de tranqüilidade onde podíamos descansar protegidos do “mundo”.

Nesta expedição, ao contrário, dormiremos em hotéis ou pousadas e mudaremos de cidade quase todos os dias com longas distâncias a serem percorridas. Isto gera muito cansaço e stress, especialmente quando temos que arrumar e desarrumar malas, lavar roupa, cuidar dos equipamentos, gravar, editar, etc.  Apesar de mais curta, esta viagem será muito mais intensa do que as outras, com gravações quase todos os dias, de manhã até o final do dia. A noite, temos que preparar o material para a imprensa no Brasil e atualizar nosso site e o site de parceiros. Por isto, estimamos que esta expedição será muito mais desgastante.

Tenho conversado muito com minha Família sobre isto. É importante mantermos uma rotina de horários bem ajustada. Afinal, todos precisam de tempo, espaço e privacidade, o que não é muito fácil em uma viagem como esta. Então a solução é: Tempo para despertar, tempo para trabalhar, tempo para descansar, tudo com seu horário determinado. Não vou ser um ditador, mas o bom resultado desta expedição depende da organização e do planejamento. Na vida acontece o mesmo, com ordem temos mais resultados e menos stress. O problema é que na estrada tudo acontece com muita intensidade. É como a vida passasse mais rápido diante de nós. Temos que nos manter atentos para que corra tudo bem.

Sei que temos um enorme desafio pela frente, mas tenho certeza que vamos vencer. Com a ajuda de Deus, muito trabalho e determinação vamos completar mais esta fase de nosso projeto e trazer muitas histórias interessantes pra vocês. A companhia de vocês e suas mensagens nos levarão mas longe. Continuem escrevendo. Contamos com vocês todos os dias – Até amanhã!

Peter Goldschmidt    –   www.familiagold.com.br

Informamos que amanhã (Sábado) não haverá atualização do diário de bordo, nos veremos no domingo. Até lá amigos…

A Família Goldschmidt tem o apoio das seguintes empresas:
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BEEPHOTO –  TRAVEL ACE  –  RENAULT  – Veja os links no site

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Informamos que amanhã (Sábado) não haverá atualização do diário de bordo, nos veremos no domingo. Até lá amigos.

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Um País, Três Regiões 21 de Dezembro de 2008

 

Faltam dois dias para o inicio de nossa expedição, por isto gostaria de escrever sobre o país que vamos visitar. Porque o Peru?

Escolhi o Peru por várias razões, dentre elas posso citar duas:

Primeiro porque o Peru é um país rico em cultura e história. Ali foi recentemente descoberta as ruínas na civilização mais antiga da América, Caral, com 5 mil anos. Para você ter um idéia, há pirâmides antigas por todos os lugares, inclusive na capital Lima. Foi também no Peru que floresceu a maior e mais importante cultura sul-americana, os Incas, que dominaram durante quase 500 anos desde o sul do Chile até a fronteira com a atual Colômbia. A sede deste império estava em Cusco, no alto do Andes e muitos dos seus habitantes ainda guardam nos costumes, culinária e vestimentas traços de seus antepassados.

A segunda razão se refere a geográfica. O peru é dividido em três regiões bem contrastantes e pretendemos visitar um pouco de cada uma. A capital Lima e as cidades de Ica, Nazca e Paracas estão em pleno deserto. Este deserto de estende desde o Chile até os limites com o Equador. Está a poucos de metros acima do nível do mar e esconde segredos valiosos como  as praias de Paracas e o misterioso desenho do Candelabro, as enigmáticas Linhas de Naszca, os cemitérios repletos de múmias, dunas gigantescas e muito mais.
Depois vem os Andes com montanhas que chegam a mais 6 mil metros de altura. Em Huaraz estão os glaciares e trilhas para caminhadas. Em Puno, está o Lago Titicaca o lago navegável mais alto do mundo, repleto de ilhas exóticas e finalmente Cusco, a capital Inca com seus palácios e fortalezas.

A outra região que visitaremos é a selva. Embora Machu Picchu esteja em uma zona de transição, o clima e a vegetação lembram as florestas brasileiras.

Assim é o Peru, variado, rico, intenso. Repleto de cores, cheiros e sabores.

Juntos descobriremos este país. Bem-vindo a bordo da Expedição Peru.

Peter Goldschmidt –   www.familiagold.com.br

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Bungee Jump 22 de Dezembro de 2008

Amanhã terá inicio mais uma fase da nossa expedição Giro Pela América. Amanhã embarcamos para o Peru. Já estamos sentindo aquele friozinho na barriga. Na verdade, a minha parece uma geladeira. Muita ansiedade, afinal são 35 dias fora de casa, fora da Gold Trip, fora da nossa querida Atibaia. Será que deixei tudo em ordem? Será que estou levando tudo que preciso? Será que a família está preparada? Será? Será?

Nos últimos dias tenho estado tenso e irritado. Uma viagem de férias daria muito menos trabalho. Mas esta não é uma viagem de férias, temos muito, muito trabalho pela frente. Nosso plano é filmar, fotografar e escrever sobre tudo que virmos, ouvirmos e experimentarmos. O desejo de transmitir tudo a vocês com fidelidade é o mais estressante. Será que não estou esquecendo nada? Será que eles (vocês) irão entender o que quero dizer? O que vi? O que ouvi? Estas são perguntas que rondam a minha cabeça o tempo todo, até dormindo.

Mas amanhã tudo isto vai passar. Amanhã embarcamos para o Peru e depois disto “So be it”, simplesmente “será”. É como saltar de um Bungee Jump. Você já saltou? Eu já!

Na subida para a plataforma você esta todo confiante, determinado, cheio de expectativas e planos. Tudo parece que vai dar certo, o sucesso está garantido e você é a pessoa mais corajosa do mundo. Esta é a fase de criação e planejamento de uma expedição. Quando você coloca tudo no papel e começa a mostrar as pessoas quais os seus planos.

Depois, quando você chega à plataforma de salto tudo muda. Você cai na real. Olha para baixo, vê a altura, a pedras, as árvores ao redor e se pergunta: “O que eu vim fazer aqui em cima? Porque não fiquei quietinho cuidando das minhas coisas? Será que vai dar certo? Será que a corda aquenta? Será que vou me machucar? Será que devo desistir? Será? Será? Será? É nesta fase que me encontro agora, prestes a iniciar a expedição. Não que tenha qualquer intenção de desistir, nunca! Mas dá aquele friozinho na barriga, uma certa insegurança, um medo. Isto é normal (espero) e faz parte do negócio. De qualquer negócio. Da vida. Só tenho agora duas alternativas: descer da plataforma pela escada (Nunca!) ou descer dando um passo a frente e lançando meu corpo do espaço (Yupiiii!).

Com certeza vou optar pela segunda (Se Deus permitir). O elástico está amarrado aos pés, o capacete colocado, o vento está bom e o técnico do Bungee Jump pergunta: “Está pronto?” e ordena: “Pode saltar.”.

Amanhã saltamos do nosso Bungee Jump. Esta tudo pronto. Foram 8 meses de planejamento. Muitos telefonemas, conversar, reuniões, investimentos, orações, pedidos e resposta. Amanhã basta dar um passo a frente e deixar o corpo cair no espaço. Depois que estivermos no ar, não há muito mais o que fazer, só curtir da decida e resolver cada problema no momento que ele chegar. O que havia devia ser planejado já o foi, o que tinha que ser preparado, já o foi. Agora é curtir o vôo, a Família e a expedição. O que vir depois disto a gente resolve no caminho. Com fé em Deus, coragem e determinação.

Amanhã você vai saltar junto comigo. Prepare-se. Até lá!

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Entre triciclos, aviões e barcos de Totora 23 de Dezembro de 2008

Hoje embarcamos para o Peru. Como estou em trânsito, resolvi escrever sobre algumas diferenças desta viagem em relação às expedições anteriores (veja site). Uma das principais diferenças será o meio de transporte que usaremos. Temos que percorrer uma boa porção do Peru, um país de geografia variada em poucos dias. A solução encontrada foi deixar o Pégaso (nosso motorhome) na garagem e ir de avião. Neste caso, contamos com o apoio da TACA AIRLINES, empresa aérea que atende não só o Peru com a maioria dos países da América Latina. Com ela, ao invés de 10 dias para ir e outros 10 para voltar, gastaremos 5 horas em um vôo direto para Lima. Alguns já nos disseram: “Viajar de avião? Que falta de espírito de aventura!”. Não concordo! Primeiro, a aventura está no coração de quem a faz e não no veículo que utiliza. A aventura está no gosto pela descoberta, na busca do aprendizado, na emoção de viver intensamente, na busca por algo novo e desconhecido. Quanto a isto nada mudou, e tenho certeza nunca mudará. Conheço gente que percorre grandes distâncias em veículos inusitados e voltam tão vazias como saíram. Então, não é o veículo que faz o aventureiro e sim sua relação com os lugares por onde passa. Por isto vamos de TACA, com muito orgulho, porque ela atende integralmente nossos objetivos.

Uma vez em solo peruano, usaremos vários tipos de veículos. Seguindo o nosso objetivo de descobrir e divulgar este lindo país, vamos usar os mesmos veículos utilizados pelos peruanos em suas cidade e vilas. Isto inclui carro, táxi, ônibus urbano e intermunicipal, pequenos aviões, trens, barcos e motos. Além disto planejamos usar alguns veículos bem típicos de cada região como os barcos de Totora no Lago Titicaca, as llamas e mulas em Huaraz, as bicicletas triciclo em Puno, os moto táxis em Nazca e outros mais. Será um viagem intensa e rica. Queremos mostrar como vivem os peruanos, como se locomovem, o que comem e o que bebem.

Viajar é isto, descobrir. É integrar-se a cultura e trazer dentro de você um pedaço do lugar que visitou. Para isto, usaremos qualquer meio, desde um grande Airbus até uma singela mula. Tudo vale pelo prazer da aventura, de viver novas experiências, de aprender. Embarque conosco nesta aventura, uma aventura do coração. Bem-vindo a bordo! Até amanhã.

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Em Atibaia
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Outros parceiros

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Peter Goldshmidt

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De TACA para LIMA 24 de Dezembro de 2008

Já estamos em Lima, Viva! Depois de 8 meses de preparo, muitos planos, muitos “nãos” (de prováveis patrocinadores), e alguns “sins” (dos nossos queridos, amados e idolatrados parceiros) finalmente estamos transformando mais um sonho em realidade. Mais uma fase da nossa grande expedição esta sendo realizada.

O dia começou cedo, com uma entrevista para a TV Vanguarda (Globo). Depois passou rápido com os últimos preparativos e o fechamento das malas. Engraçado, por mais que a gente se prepare fica sempre a impressão de que estamos esquecendo alguma coisa.

No aeroporto de Guarulhos embarcamos em um vôo da TACA AIRLINES com destino a Lima. O vôo saiu no horário e correu tudo bem. Foram menos de 5 horas de viagem até a capital do Peru, Lima. Chegamos às 21 h (hora local), meia noite no Brasil, pois há uma diferença de fuso horário de 3 horas. Lima é uma cidade com mais de oito milhões de habitantes, uma gigante sul americana. Apesar de gigantesca, conserva certas peculiaridades que a torna um excelente atrativo turístico. Durante os próximos dias vamos explorar sua arquitetura, sua história, seus costumes e sua gastronomia. Temos certeza de que vamos fazer descobertas fantásticas. Amanhã vocês conhecerão algumas delas. Espero vocês aqui para contar as novidades. Boa noite (é uma da manhã!)! Zzzzzzzzzzzz…

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Lima – Vasos, ossos e muito ciúmes 25 de Dezembro de 2008

Quando chegamos ontem, fomos recebidos pelo César, representante da Fiesta Tours e pelo Christian assessor de imprensa da Promperu. Seguimos com ambos até nosso hotel onde planejamos alguns pontos de nossa expedição. Por isto fomos dormir tão tarde ontem. Hoje, saímos cedo e começamos as primeiras gravações.

Lima é uma cidade fascinante, apesar do trânsito. Para solucionar este problema estão sendo feitas várias obras o que gera ainda mais congestionamentos. É como São Paulo, sem solução. Com disse um amigo, a única saída seria tirar de circulação todos os carros financiados (como o meu). Creio que assim até São Paulo ficaria vazia.

Por ser véspera de Natal, havia muita gente na rua e então saímos para explorar a cidade. Começamos pelo centro histórico, região de Lima com quase 500 anos. Visitamos a Plaza de Armas, onde estão representados os principais poderes do país, o Palácio Presidencial representando o governo federal, a prefeitura de Lima (a cidade mais importante) e a Catedral de Lima representando os peruanos católicos, quase 80% da população do Peru. Ali vimos alguns dos melhores exemplares dos “Balcones de Celosia” (veja detalhes abaixo).

Visitamos também o Mercado de Surquillo, um dos muitos mercados populares de Lima, que contém um pouco de tudo o que é produzido no país. É uma boa maneira de conhecer os produtos locais e começar a pronunciar nomes estranhos (para nós) como Chirimoya, Lucuma, Granadillos e Tuna. No mercado também notamos uma grande variedade de batatas (original dos Andes) e espigas com milhos de todas as cores. Não sabia que havia tantas. A Sandra ficou impressionada com os frangos expostos a venda (recém abatidos).

Almoçamos no museu Larco Herrera, um dos mais importantes da cidade. Construído sobre um antigo templo (ainda conservado no seu subsolo), o museu primeiro impressiona pelo lindo jardim, repleto de Primaveras e Sete-leguas floridas. No portão de entrada a Ingrid encontrou um cachorro estranho, sem pelos. Disseram-nos ser uma raça natural do Peru, antiga e quase em extinção. O museu tem peças de cerâmica representando quase todas as civilizações que já habitaram o Peru. Há também um cofre especial com peças de ouro e prata, provenientes do norte Esta peças foram preservadas da ganâncias dos colonizadores espanhóis pela aridez da região e também por terem sido enterradas bem no fundo das pirâmide de barro junto com seus donos. Graças a isto, hoje este tesouros reservados apenas aos reis, podem ser vistos por nós, pobres mortais.

Também visitamos o depósito do museu que está aberto a público. Todas as salas estão cheias de prateleiras lotadas de vasos antigos que chegam até o teto. Estes vasos são especiais, pois são um espécie de enciclopédia das antigas culturas. Neles estão representados pessoas, frutos, animais e costumes das civilizações do norte do Peru como os Moches e os Chavin. O museu reserva uma sala somente para os vasos com motivos eróticos cujas fotos não podem ser mostradas neste horário. Vocês precisavam ver a cara da Ingrid quando entrou na sala e viu todas aquelas figuras, digamos, diferentes. Pensando bem, é melhor não que não vejam.

Hoje é véspera de Natal e por isto vou terminar o diário mais cedo. Não sabemos onde vamos e o que vamos fazer. Estamos ainda um pouco deslocados. Mais o importante é que estamos juntos: Eu, a Sandra e nossos filhos. O Resto não importa.

Aproveito e desejo a todos nossos leitores um ótimo Natal, cheio de paz e felicidades.

Desejo que passem este dia com aqueles que lhes são queridos e não esqueçam da razão deste feriado. Não se esqueçam do aniversariante Jesus, nosso salvador.

Abraço a todos – Hohoho!

Sacadas dos ciúmes

Um dos traços mais marcantes da capital peruanas são as sacadas em estilo mourisco que pendem dos edifícios coloniais. Elas são testemunhas da influencia árabe sobre os espanhóis que acabaram introduzindo seus costumes aqui no novo mundo. Chamados de Balcon de Celosia, ou seja, Sacadas dos ciúmes, estes terraços fechados tinha o objetivo de servir as mulheres da elite limenha. Reclusas em suas casas ela queriam ver o que acontecia no mundo lá fora. Por isto, protegidas pelo transados de madeira das sacadas, elas podiam observar pessoas na rua sem serem observadas e conseqüentemente cobiçadas pelos transeuntes.

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Natal em Lima 26 de Dezembro de 2008

Saímos na véspera de Natal e ceiamos no… Mc Donald’s. Parece estranho, mas foi um dos poucos lugares que encontramos abertos naquela noite e como não queríamos nada especial… Nosso peru de natal foi um Big Mac…

Hoje acordamos cedo par gravar as chamadas para nosso Dvd. As ruas vazias facilitaram as gravações. Seguimos até o final da Avenida Larco em Miraflores até o hotel Marriot, de frente para o mar. Lima está de frente para o Pacífico, sobre uma falésia de 30 metros de altura. Sobre um dos degraus desta falésia foi construído um moderno shopping chamado de Larco Mar. Ele não tem teto e uma das laterais é feita de vidro e sacadas voltadas para o mar. Além de ótimas lojas, tem uma vista privilegiada.

Perto dali fomos almoçar em um dos restaurantes mais famosos de Lima, o Rosa Náutica, construído sobre um píer de madeira. Dentre os pratos que nos foram servidos estava o Ceviche, estrela da culinária peruana. Trata-se de pedaços de peixe curtidos no limão e servidos acompanhados de batata doce, milho branco, cebolas cruas, algas marinhas e rococó, parecido com nosso pimentão vermelho. Forte, porém saboroso.

Aproveitamos para conhecer a praia dos Limenhos, feita de pedras e não de areia. Uma boa parte da costa é ideal para o surf, praticado por muito locais mesmo nas águas frias da corrente de Humbolt.

E já que estamos falando de esportes radicais, a Ingrid resolveu aproveitar a ocasião para realizar um antigo sonho, voar de paraglider (ou parapente). As falésias em Miraflores são ideais para o vôo em lift, quando o vento que sobe da costa mantém o paraglider voando. Na rampa de decolagem conhecemos Max Leon, um dos organizadores do esporte na cidade. Ele se ofereceu para fazer um vôo duplo com nossa filha. Depois de decolar, eles voaram durante uns 20 minutos pela costa, passando por cima do Larcomar e também dos hotéis na costa. Quando ela voltou tinha o rosto brilhando de tanta alegria. Foi um lindo batismo. Se um dia você vier a Lima, também poderá voar, basta vir até a rampa de decolagem perto da praça dos amores e falar com o Max ou um de seus amigos.

A tarde terminou onde Lima começou. Estivemos na Huaca Pucllana, uma pirâmide cerimonial construída com tijolos de adobe (mistura de barro e palha). Esta construção de 1.700 anos só resistiu aos terremotos e as intempéries por seu estilo único de construção. Ao invés de colocar os tijolos deitados, eles foram colocados na vertical, como livros em uma estante, um ao lado do outro. Este tipo de construção absorveu o impacto dos tremores comuns nesta região e permitiu que resistissem até os dias de hoje.

No por do sol, estávamos em San Isidro, um dos bairros mais nobres da cidade. Na região existe um clube de golfe, hotéis luxuosos, lojas de grife e um parque com oliveiras plantadas pelos colonizadores espanhóis há quase 400 anos. Apesar de ser um parque (enorme), existem casas em estilo europeu espalhadas entre as oliveiras que ainda produzem azeitonas duas vezes ao ano.

Espero que gostem das fotos que preparamos para vocês. Mande seus comentários e mensagens, gostaríamos muito de ouvi-los.

Um grande abraço

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Suco de rã e Túneis de água 28 de Dezembro de 2008

Hoje completamos cinco dias de viagem no Peru. O ritmo tem sido forte e já começamos a sentir o cansaço. Há muito que ver e quase sempre acabamos estourando nosso horário. Temos sempre medo de deixar passar algo importante, e tudo parece tão importante! Temos dormido pouco e isto, associado ao calor do verão e o agito da cidade nos tem cansado bastante. O barulho é constante. Aqui todos buzinam o tempo todo, por todas as razões, o tempo todo, sempre e o tempo todo (acho que já falei isto). Creio que é um esporte nacional. E quem não buzina, apita. Os guardas nos parques, os de trânsito, os seguranças das lojas. Todos. Acho que tem não tem buzina, compra um apito e se vira com ele.

Na sexta visitamos o bairro Chinês. Não sabia que havia tantos chineses em Lima. Creio que é a maior colônia estrangeira no Peru. Eles chegaram em 1849 para trabalhar na agricultura e não saíram mais. Hoje seus descendentes estão espalhados por toda a cidade, mas se concentram especialmente em Chinatown, com suas ruas tipicamente decoradas, lojas de importados e restaurantes. O piso da rua principal foi todo feito com lajotas doadas pelos limenhos durante as comemorações dos 150 da comunidade. Da mistura da cozinha oriental com os ingredientes peruanos fez surgir as Chifas, restaurantes que são uma verdadeira mania dos limenhos. Pratos orientais com o tempero da região. Hummmmmm!

Visitamos também Pachacamac, um centro cerimonial da civilização Lima, datado do ano 300 D.C. Pachacamac era o deus supremo, criador de tudo e de todos. O interessante é que cada civilização que os sucedeu em Lima continuou a adorar o seu próprio deus no mesmo lugar, sem destruir os antigos templos. Os últimos foram os Incas que ergueram o maior e mais alto dos templos dedicado ao deus sol. O resultado é um complexo gigantesco, cuja grande parte ainda esta enterrada.

Tivemos também o “privilegio” de experimentar uma iguaria de Huancayo, uma província nos Andes, o Suco de rã, considerado fortificante para os ossos e músculos. Em um liquidificador foram acrescentados suco de Maca (considerado afrodisíaco), mel, Algarrobina (extraído de uma árvore do deserto) e obviamente uma bela e fresca rã. Tudo é batido por alguns minutos e servido quente. Agh! Não foi fácil encarar, mas eu e a Sandra cumprimos a tarefa e tomamos a bebida anfíbia. Agora ninguém me segura!

Ontem saímos muito, muito cedo de Lima em direção a Huaraz, capital da província de Ascash. Parte do caminho foi pela costa, passando por pequenas cidades e longos trechos de puro deserto. Em certo ponto, viramos em direção às montanhas com o objetivo de chegar a Caral, as ruínas da civilização mais antiga de que se tem notícia nas Américas. Descoberto nos anos 50 e explorada somente agora, Caral é um jóia arqueológica com 5 mil anos de idade e composta por 9 pirâmides escalonadas, a maior delas com quase 30 metros de altura. O lugar ainda está sendo escavado e a cada dia se fazem novas descobertas. No local foi construído um ótimo centro de informação ao turista, com banheiros, lanchonete e principalmente guias especializados. Todos os funcionários são do povoado que empresta o nome as ruínas e todos sentem orgulho da sua região e do seu passado. Esta é um prova real de como o turismo (e a arqueologia) pode melhorar a vida da comunidade e transformar vidas (para melhor).

Depois de Caral, seguimos para os Andes e começamos a subir por uma sinuosa estrada. Nosso objetivo é Huaraz, que está a 3.300 metros de altitude. Para chegar lá temos que passar por um cordilheira de 4 mil metros. Estou escrevendo nesta estrada e esta cada vez mais difícil continuar. Paro por aqui. Amanhã contarei como foi nossa chegada e nosso dia.

Deixo a pergunta: Se você já esteve a 4 mil metros de altura: Como você se sentiu? Comente no site ou mande um e-mail

Abraços

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As montanhas nevadas de Huaraz 29 de Dezembro de 2008

Ontem saímos das ruínas de Caral (ao nível do mar) às 15 h debaixo de uma temperatura de 35 graus. Três horas depois estávamos a 4.100 metros de altura, tremendo de frio diante dos 5 graus que faziam no alto dos Andes. O sol já estava se pondo quando cruzamos o Paso Conococha. Os últimos raios de sol ainda iluminavam o cume do nevado Caullarahu, fazendo brilhar sua crista branca. Vestimos nossos casacos da Timberland e mais aquecidos percorremos as duas horas restantes até Huaraz, onde chegamos a noite. Hospedamo-nos no hotel Andino, pertencente a um suíço. Perguntei-me por que um suíço construiria um hotel aqui. Minha resposta chegou ao amanhecer. Ao abrir a janela, deslumbrei na minha frente uma imensa cordilheira com vários picos nevados. Arrepiei na hora, primeiro pela visão, depois pelo frio.

Huaraz está localizada no Callejon de Huaylas, um lugar onde a Cordilheira dos Andes de divide em duas. De um lado segue a Cordilheira Negra, com picos que se elevam até os 5.800 metros, todos sem neve. Do outro lado está a Cordilheira Branca com 32 picos acima dos 6 mil metros e coberta de neve eterna e glaciares. O mais alto deles é o Huascaran com 6.768 metros, a terceira maior montanha das Américas. Entre as duas cadeias de montanhas corre o rio Santa, que traz vida e prosperidade às inúmeras vilas do vale. A Cordilheira Negra é essencial para a existência da Branca, pois é ela que recebe e absorve o ar quente e salgado que vem do oceano. Quando recebe neve, esta não dura mais do que dois dias. Ela serve de proteção para a Cordilheira Branca onde a neve nunca desaparece.

Huaraz, a principal cidade do vale e capital do estado de Ancash tem hoje 80 mil habitantes. E a cidade base para as centenas de turistas que chegam para visitar a região ou para praticar escalada e trekking. São 38 diferentes trilhas que cortam cânions e vales das duas cordilheiras. Sentimos os efeitos da altitude assim que chegamos. O Soroche, com é chamado o mal das alturas, produz mal estar, enjôo, dor de cabeça e até desmaios. A melhor maneira de evitá-lo é fazer refeições leves, caminhar devagar, beber muita água e tomar constantemente o chá de folha de coca. Ao contrario do que muitos pensam, a folha de coca não é alucinógena e não tem efeitos colaterais. Pode também ser mascada. Usada a milhares de anos pelos povos andinos é praticamente uma instituição andina. Sem ela é muito difícil fazer alguma atividade por aqui.

A Ingrid foi a que mais sofreu com a altitude. Sentiu enjôo e mal estar. Por isto hoje não pode sair conosco e ficou de molho no hotel. Eu, Sandra e o Erick fomos com nosso guia Cristian percorrer o vale. Passamos por várias vilas, algumas delas com grandes feiras dominicais. Na vila de Yuncay, decidimos conhecer um delas e percorremos as barracas em busca de produtos da região e pessoas com vestimentas típicas para fotografar. Não era fácil, pois ou as pessoas viravam os rostos ou pediam “propina” (gorjeta) para se deixar fotografar. Mesmo assim conseguimos boas fotos. Descobrimos que as feiras não são feitas para turistas estrangeiros, normalmente mais altos que população local. A todo o momento eu ficava enroscado em tendas baixas e fios que cruzavam a rua a 1,70 m de altura (tenho 1,86). Tive que ter muita atenção para não levar um choque ou morrer enforcado. Em certo momento, vi uma senhora vendendo raspadinha de gelo. Até aí nada de mais. O inusitado é que o gelo não era produzido na cidade e sim trazido de um glaciar a quase 5 mil metros de altura. Retirado com picareta e transportado em lombo de burro, demorava 2 dias para chegar até a feira. Era um pedaço de gelo formado há centenas de anos que virava uma raspadinha de 80 centavos. Incrível!

Nossa visita à feira foi na verdade na vila de Nueva (nova) Yuncay. A velha (Yunkay) já não existe mais, se transformou em um enorme cemitério. Vou explicar: Em 31 de Maio de 1970 houve um grande tremor na costa peruana. Este tremor alcançou os Andes e causou vários desmoronamentos. O maior deles foi a queda de uma parte do cume do Huascaran. Em 5 minutos, uma torrente com 57 milhões de metros cúbicos de rochas, água e gelo desceu pelo vale arrasando tudo o que encontrava no caminho. E no caminho estava a cidade colônia de Yuncay, na época com 28 mil habitantes. Em segundos tudo foi coberto por lama e gelo matando, quase que instantaneamente, 25 mil pessoas. Da cidade original, ironicamente, a única que sobrou foi o cemitério, construído em cima de uma colina. Ali foram encontrados cerca de 80 sobreviventes que tiveram tempo de se refugiar. Como não havia como resgatar os mortos, todos foram deixados no local onde morreram soterrados e a área da antiga cidade convertida em um gigantesco cemitério. Ao caminhar por entre as rosas plantadas e as cruzes colocadas sobre onde antes existiam casas, sentimos uma sensação estranha. Ainda se pode ver os restos da igreja e 4 das 36 palmeiras da praça principal enterradas sob 5 metros de terra. Um ônibus literalmente dobrado em dois é uma das poucas evidencias visíveis da força da natureza. Enormes pedras brancas trazidas do alto da cordilheira jazem por toda parte como testemunhas silenciosas da tragédia. Enquanto gravávamos a Sandra gritou: Avalanche! Olhamos para traz assustados a tempo de gravar uma enorme avalanche de gelo no cume do Huascaran. Ficamos em silencio e apreensivos enquanto víamos aquela enorme nuvem branca descer até a base do glaciar. Ufa, foi só uma pequena amostra do que aconteceu há 38 anos atrás.

Passado o susto, subimos em direção ao Parque Nacional Huscaran, mais precisamente a Quebrada de Llanganuco, entre o Huascaran e Huandoy com 5.793 metros. Subimos pelo vale por uma estrada sinuosa até 4 mil metros onde paramos em um mirante. Dali pudemos observar quatro grandes nevados, todos acima dos 6 mil metros e o vale abaixo com dois grandes lagos. Ao descer, notamos que por toda a volta havia grande pedras que rolaram do alto dos paredões de granito durante algum dos vários terremotos da região. Passamos por um desmoronamento que havia matado 15 acampantes Checoslovacos. No vale paramos em duas lagoas para fotografar e admirar sua beleza. A primeira foi Orconconcha, com águas esverdeadas e com muitas aves. A segunda, Chinanconcha, tinha águas azul-turquesa devido à sua origem glaciar. Pareciam pintadas no Photoshop. Suas margens estavam cheias de Polilephis, uma árvore andina também conhecida com árvore-folhas, pois seu tronco descasca como folhas de papel.

Foi um dia cheio de emoções e descobertas. Estou encantado com a região de Huaraz e impressionado com tanta beleza. Escrevo enquanto estamos voltando para o hotel. Estou ansioso para ver se a Ingrid melhorou. Espero que sim, pois gostaríamos que tivesse vivido as emoções de hoje junto conosco. Aproveitem as fotos e amanhã nos encontramos novamente aqui,

Abraços

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Chavin de Huantar 30 de Dezembro de 2008

A Ingrid acordou bem melhor e logo cedo fomos a Chavin de Huantar.

Foi uma viagem de 3 horas através da Cordilheira Branca, cercados de grandes picos nevados e cobertos por um céu azul, tipo “de doer os olhos”. No caminho passamos por um túnel que também era o ponto mais alto da estrada e o mais alto da viagem até agora com 4.516 metros. Graças ao chá de Coca passamos sem problemas a esta altitude e até paramos no caminho para tirar algumas fotos nas minas de carvão às margens da estrada. Dedicamos também alguns momentos no maravilhoso lago Querococha. Enquanto a Ingrid fotografava a paisagem a Sandra e o Erick foram ver um rebanho de ovelhas que pastava no local. A Sandra foi adotada por uma delas que a seguiu para todos os lados. A solução para tanto assédio foi subir no carro e seguir viagem.

Por volta das onze horas chegamos a Chavin de Huantar, onde estão as principais ruínas da civilização Chavin. Este povo foi a primeira civilização andina e surgiu por volta do ano 1.500 a.c. É considerada até hoje a civilização matriz de outras culturas andinas, inclusive dos Incas. Isto aconteceu porque os povos que viveram posteriormente absorviam os conhecimentos do povos conquistados, usando muitas das suas técnicas de arquitetura, assim como conhecimentos matemáticos e de astronomia.

As ruínas de Chavin de Huantar é a mais bem preservada, embora tenha sido muito danificada pelas intempéries ao longo dos anos. Chavin era um centro religioso e de peregrinação. O povo vinha até ela para apresentar oferendas e para saber previsões sobre a lavoura e a sorte.

Os Chavin eram um povo religioso e destemido e ficaram conhecidos por não se entregar facilmente aos seus invasores. Suas gravuras mostram sacrifícios humanos, desmembramentos e mutilação de prisioneiros. As ruínas de seus palácios e cidades estão espalhadas principalmente pela região norte do Peru. A principal delas é a que visitamos hoje, o complexo arqueológico de Chavin de Huantar, repleto de labirintos, pirâmides e templos. Há muitas câmaras e passagens subterrâneas. Em uma delas encontramos o totem de um ídolo muito bem preservado. Uma das características destas ruínas é presença de “Cabezas Clavas”, figuras de pedra com feições felinas incrustadas nas paredes. Até hoje não existem pistas sobre as razões de sua decadência por volta do ano 500 D.c.

Amanhã se o tempo continuar ajudando, vamos tentar chegar ao glaciar Pastoruri, um dos mais importantes da região e o que mais tem sofrido com o aquecimento global. Mas isto é assunto para amanhã. Espero vocês!

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Um dia abençoado em Pastoruri 31 de Dezembro de 2008

Hoje foi, sem dúvida, o dia mais emocionante da expedição até agora. Não só pelo destino que conhecemos, mas também por todas as experiências que vivemos. Estou em êxtase, nas nuvens, voando como um Condor sobre os picos nevados.

O dia começou com sol e logo cedo saímos para uma viagem de 80 km até o Glaciar Pastoruri, nossa última parada na cordilheira Branca. Assim que saímos da rodovia principal e entramos no desvio de terra, um imenso e verde vale pontilhado de carneiros e vacas surgiu à nossa frente. Começamos então a subir até a entrada do Parque Nacional Huscaran (Setor Carpa) que fica a 4.200 metros de altura. No momento de pagar o ingresso, descobrimos que este era o último dia da temporada em que o parque ficaria aberto ao público e que ele só abriria novamente em Março de 2009. Foi por pouco!

Entramos então em um outro vale cercado de altas montanhas. Pelas marcas deixadas nas paredes rochosas (chamados de morenas) não foi difícil perceber que todo o vale havia sido esculpido pelo gelo de glaciares em um passado remoto. Viemos para este parque justamente para registrar como os glaciares e as neves eternas estão sendo afetadas pelo aquecimento global. A ausência de glaciares em algumas regiões do vale já denunciava que algo grave esta acontecendo.

Subimos pela estrada sinuosa até avistarmos o glaciar Huarapasca, com sua franja branca pendendo a 6 mil metros sobre o vale. Olhando a sua volta, logo notamos quanto ele recuou do seu tamanho original. Mesmo assim ainda é um espetáculo impressionante de se ver. A Sandra saiu do veiculo literalmente em lágrimas, emocionada com tanta beleza reunida em um só lugar. Eu fiquei tão desnorteado ao vê-la chorar que esqueci de gravar seu depoimento espontâneo, mas suas palavras irão ficar guardadas comigo para sempre.

Esta parte do Parque Nacional de Huascaran é bem diferente da outra que visitamos dias atrás em Yungay. Lá estávamos cercados de altas e imponentes montanhas, porém muito abaixo do nível da neve. Aqui, no setor Carpa a estrada segue na altura dos glaciares e muito mais perto do gelo. Desta maneira, podemos perceber toda a força da natureza contida nestes rios gelados. Para mim, a impressão causada por um glaciar é semelhante a de estar aos pés das Cataratas do Iguaçu, embora o glaciar expresse sua força em silêncio.

Seguimos cada vez mais para o alto até 4.800 onde tivemos que deixar nosso transporte. O tempo começou a esfriar, então compramos de uma vendedora local luvas e gorros.

O glaciar Pastoruri já era bem visível acima de nossas cabeças. Faltavam ainda quase 2 km de trilha e 200 metros de altitude para chegar até sua base. Já aclimatados, não tivemos problemas com a altitude. O tempo começou a fechar e para economizar tempo (e energia) alugamos cavalos para fazer parte do percurso. Depois de um ponto os cavalos não puderam mais seguir e completamos os últimos 600 metros a pé. Nesta altitude, este pequeno trecho nos tomou um tempo considerável, tanto porque tínhamos que caminhar lentamente para não sofrer as conseqüências do Mal da Altura (Soroche), tanto porque gravamos em detalhes toda nossa escalada.

No meio da caminhada começaram a cair pequenos flocos de gelo, o que foi uma surpresa a todos. Ninguém esperava por isto. Conforme avançamos os flocos começaram a aumentar e o vento soprar mais forte. Quando chegamos a base do glaciar a temperatura havia caído para 5 graus negativos e a neve caia em abundância. Vocês acham que alguém reclamou? Que nada, adoramos! Não contávamos com uma nevasca nesta viagem e nem com tanto frio. Apesar disto, estávamos bem preparados com nossas jaquetas da Timberland que provaram ser bem eficientes até em temperaturas negativas. Ninguém passou frio.

Debaixo da nevasca fizemos todas as gravações e fotos que precisávamos. Também verificamos o retrocesso deste glaciar que serve de referência para todos os glaciares do parque. Para você ter uma idéia, o glaciar Pastoruri tem perdido massa de gelo na razão de 10 metros por ano. Segundo os cientistas, esta média deve aumentar na próxima década chegando à marca de 20 metros por ano. Parece pouco, mas representa uma quantidade enorme de gelo. Neste passo o glaciar logo desaparecerá e com ele grande parte dos glaciares da Cordilheira Branca. Pudemos hoje ver “in loco” os efeitos das nossas atitudes em relação ao meio ambiente. Temos que reverter este quadro. Quero que meu neto um dia venha ao Peru e veja as mesmas belezas que estou presenciando hoje.

A nevasca só terminou quando já estávamos próximos ao nosso veículo e foi neste momento que sentimos o efeito do esforço e do frio. Todos, ao mesmo tempo sentimos uma forte dor de cabeça que só passou quando descemos para a altitude de 3.500 metros. Apesar do frio e da chuva, que nos acompanhou no caminho de volta, ainda tivemos ânimo para fazer mais duas paradas (tudo isto antes do almoço que só saiu às 16 h).

A primeira foi pra conhecer um tipo de bromélia gigantesca e que só cresce acima dos 3 mil metros. Trata-se da Puya Raimondi; uma planta em perigo de extinção. Sua vida pode ser de 40 a 100 anos e durante este tempo, crescer desde um arbusto espinhento até 6 metros de altura. Quando completa sua maturidade, este, o caule floresce uma única vez produzindo algo entre 6 mil a 10 mil flores. Depois de pouco tempo estas flores morrem e deixam cair milhares de semente para garantir a continuação da espécie. Depois da florada a planta seca e morre, deixando somente um pequeno toco como lembrança da sua existência. Fantástico!

A última parada do dia foi numa nascente de água. O curioso é que a água já sai do solo gaseificada. Naturalmente! É só chegar e tomar.

Em resumo, adoramos o dia, os glaciares, o vale, a neve, as bromélias, a chuva, o vento, o parque e o Peru. Recomendo a todos conhecer Huaraz, vale a pena!Amanhã retornaremos a Lima em uma viagem de 8 horas. Passaremos o Reveillon ali (espero ver os fogos de artifícios) e no dia primeiro do ano seguiremos para Ica, um oásis em pleno deserto. Não é a toa que o Peru é chamado de País dos contrastes.

Feliz Ano Novo a todos!

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Do céu ao mar 01 de Janeiro de 2009

Hoje saímos cedo em uma viagem de retorno a Lima. Foram 8 horas de viagem montanha abaixo. Saímos de Huaraz a 3.300 m, subimos até o paso Conococha a 4.100 m e depois de duas horas já estávamos na praia de Barrancas às margens do Pacifico. Depois foi só seguir pela rodovia Panamericana até Lima. A viagem terminou sem incidentes e aproveitei meu tempo para escrever e preparar o material que temos de enviar para o Brasil. Estamos enviando imagens para o Jornal Hoje e para a Rede Vanguarda que devem ser veiculadas em breve. Vamos passar o ano novo em Lima e no dia primeiro sairemos cedo em direção a Ica, na parte sul do país.

Despedimo-nos, já com saudades de Huaraz e do vale de Huailas. Ficamos surpresos com tanta beleza. Com certeza este destino estará em breve no site da Gold Trip.

Peru é realmente um país de contraste e estamos felizes por tê-lo escolhido para esta expedição.

Vou aproveitar este dia com poucas novidades para escrever sobre um dos lugares que conhecemos em Lima no inicio da viagem, mas não tivemos tempo de comentar. Vocês ficariam impressionados em descobrir como a capital peruana reúne tantos atrativos para tantos gostos diferentes. Como vocês sabem sou consultor de turismo e me dói o coração quando alguns dos meus passageiros vêm ao Peru e não passam um ou dois dias em Lima. Uma boa parte da história do país está representada nesta cidade e acho imprescindível conhecê-la. Preste atenção no quanto já falamos sobre seus atrativos e no quanto ainda vamos falar.

Hoje quero escrever sobre um dos mais recentes atrativos turísticos de Lima, o Parque da Reserva ou Parque das fontes Mágicas, com é chamado pela população. Neste complexo em pleno centro limenho, foram instaladas 12 gigantescas fontes de vários formatos, estilos e cores. Algumas delas são interativas, com a Fonte Túnel onde você caminha por dentro de um arco de água ou a Fonte das Crianças, cujo objetivo é brincar e molhar-se nos jatos de água que saem de surpresa do chão. Existem fontes artísticas como a Pirâmide e também as que impressionam pelo tamanho. A maior delas atinge 80 metros de altura, o que é considerado um recorde mundial registrado pelos Guinness Book. No centro do parque esta principal de todas as fontes, com uma centena de metros de comprimento. Ali diariamente são apresentados espetáculos de música, cores e jatos de água. Projeções de motivos peruanos também são feitas sobre uma cortina d´água. Se um dia vier a Lima, não deixe de visitar o Parque da Reserva. Você vai adorar!

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Vida nas areias do Deserto 02 de Janeiro de 2009

Feliz Ano Novo! Mesmo que um dia atrasado ainda vale. Agora só faltam 364 dias para terminar 2009. Se este novo ano for igual ao que terminou vou ficar muito feliz. Recebemos muitas bênçãos de Deus e sou muito grato a Ele por tudo. Além disto, estar realizando esta expedição depois de tanto trabalho faz tudo valer ainda mais a pena.

Passamos o Reveillon em Lima. À meia noite fomos até o mirante no Shopping Larcomar e de onde vimos os fogos de artifício que pipocaram por toda a costa. Hoje saímos cedo, mais uma vez atravessando o deserto, em direção a Ica, localizada uns 300 km o sul de Lima. Na verdade toda a costa peruana é um grande deserto com 2.700 km de extensão. Este deserto é cortado por 55 rios que formam grandes vales por onde passam. E como “onde há água há vida”, estes vales estão repletos de cidades e plantações de todos os tipos de frutas, verduras e legumes.

Ica está em um destes vales, habitado há quase 2 mil anos (pela cultura Paracas). Hoje, esta cidade cercada de dunas é reconhecida como produtora dos melhores vinhos peruanos. São mais de 80 vinícolas artesanais e 3 industriais. A mais conhecida delas é a Tacama. Usando técnicas de irrigação e água do subsolo, os peruanos transformaram areia em vinhos conhecidos em todo o mundo.

Aqui também é produzida a bebida nacional peruana, o Pisco, feito a partir da fermentação da uva. Visitamos a vinícola El Catador, considerada uma das melhores da região. Conhecemos todo o processo de fabricação, incluindo o lagar onde as uvas são pisadas, a prensa, os tanques de fermentação e de destilação. Apesar de não beber nada de álcool, achei o processo interessante. O nome Pisco vem de uma palavra Quéchua que quer dizer ave. Pisco também é o nome das jarras de cerâmica, de formato cônico onde a bebida era armazenada para a fermentação. Daí, por associação, surgiu o nome desta aguardente.

No caminho a Ica fizemos uma parada na cidade de El Carmen, a convite de nosso amigo César, da Fiesta Tour. Esta cidade é conhecida por ter a maior população negra do Peru. Apesar de ter sido colonizada por espanhóis, foram os portugueses que trouxeram para a região os primeiros escravos, vindo de Angola para trabalhar nas fazendas de algodão. Nesta cidade a cultura africana é preservada com orgulho. As danças e as músicas adaptadas à cultura peruana estão sempre presentes. Nas ruas e praças os meninos fazem exibições de sapateado (mesmo descalços) para os turistas. Foi em El Carmen que conhecemos a Família Ballumbrosio, cujo patriarca o Sr. Amador é considerado um ícone da cultura negra no país. Seus filhos e netos viajam o mundo difundindo as músicas e danças afro-peruanas. Um deles fez uma apresentação especial em sua casa com instrumentos típicos como a queixada de burro e o “Cajon”, uma caixa madeira oca usada como instrumento de percussão. A música e a dança vocês verão em nosso DVD. Aguardem!

Bom, por hoje é só. Amanhã visitaremos as ilhas Ballestas, a mais importante reserva marinha do Peru onde aves, lobos marinhos e pingüins se reproduzem e criam seus filhotes. Também vamos à cidade de Pisco, ver esta comunidade que foi afetada pelo terremoto de 2007. Nosso dia terminará em Nazca, onde visitaremos as famosas linhas no deserto.

Amanhã, Sábado, não teremos diário, mas Domingo prometo que conto tudinho.

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Ilhas Ballestas e tubulares no deserto 04 de Janeiro de 2009

Ontem foi Sábado e aproveitamos o dia para descansar. De manhã fomos à igreja, como fazemos todas as semanas e à tarde descansamos sem nenhum compromisso. Descansar uma vez por semana (aos Sábados) tem sido uma bênção para nós, é assim que temos conseguido recarregar nossas energias para a semana seguinte.

No entanto, a sexta foi um dia cheio de atividades. Dormimos no oásis de Huacachina em Ica e saímos bem cedo em direção a Paracas (50 km), a mais importante reserva marinha do Peru. Embarcamos em uma lancha para conhecer as ilhas Ballestas, um santuário da vida selvagem. No caminho, fizemos uma parada para conhecer o “Candelabro”, um gigantesco desenho de 70 metros de altura feito na encosta de uma montanha. Ninguém sabe quem o fez, nem porque, só sabem que esta lá a mais de 500 anos. Por causa da terra calcinada, a ausência de chuva e da direção do vento a figura que parece um cactus, continua lá e serve como referência e guia para os pescadores da região.

Seguimos mais 15 minutos no barco até uma das Ilhas Ballestas, que como disse é uma reserva marinha. Ali, milhares, isto mesmo, milhares de aves se reúnem para se acasalar e criar seus filhotes. Nunca havia visto tantas aves juntas. Em alguns lugares não se via nem o chão, apenas uma massa negra que se movia de um lado para o outro. No céu, bandos e bandos de aves voam em todas as direções. Algumas em formações em V, outras de modo aleatório.  Pelicanos, gaivotas, cormoranes, enfim, um grande número de espécies dividindo os mesmos rochedos. A ilha é formada por um basalto vermelho e coberta por uma capa branca de excrementos de aves. Este, chamado de Guano, é um dos fertilizantes mais eficazes do mundo e também um dos mais caros.  São tantas aves (e tantos excrementos) que o Guano já foi, no passado, um dos principais produtos de exportação do país. Hoje as ilhas são protegidas e o governo só retira o Guano a cada 10 anos para evitar estresse nas aves. Além das aves, as ilhas Ballestas, também são o lar de uma grande colônia de leões marinhos e pingüins de Humboldt. Estes pingüins, menores do que os pingüins de Magalhães, só conseguem viver nesta latitude devido à corrente de Humboldt, uma corrente fria que vem desde a Antártida, seguindo a costa  oeste da América do Sul. Esta corrente é rica em fito plâncton, nutriente capaz de atrair grandes cardumes de peixes. Estes peixes, por sua vez, atraem as aves, os lobos e os pingüins. Terminado esta cadeia (de atração), estes animais nos atraem a nós, os turistas, prontos para registrar com nossas câmeras as belezas naturais da reserva de Paracas.

Terminado nosso tour, fomos até a cidade de Pisco, a que mais sofreu com o terremoto de 2007. Visitamos alguns bairros e vimos que um ano depois da tragédia ainda há muito que fazer. Ruas cobertas de entulhos, prédios com rachaduras e famílias vivendo em casas improvisadas são um retrato dos bairros mais atingidos. Creio que levará anos para reconstruir o que o terremoto levou minutos para derrubar.

Almoçamos em Chaco, um porto próximo a Paracas que também foi bastante afetado pelo tremor de 2007. Aqui, no entanto, as obras estão a todo vapor e uma animada praça de alimentação está sendo construído na praia. Enquanto aguardávamos o almoço eu e o Erick aproveitamos o tempo para dar almoço aos pelicanos que passavam pelo local.

No meio da tarde resolvemos conhecer o deserto por dentro. Para isto, embarcamos em veículos preparados para a areia, chamados aqui de “Tubulares”. O Peru tem 2.700 km de costa e grande parte dela coberta por desertos. Na sua maioria os desertos são rochosos ou de terra, mas aqui em Paracas, devido a vento constante, formam-se grandes dunas de areia. Pensei que seria um passeio tranqüilo pelas dunas. Ledo engano. Perto do que fizemos com estes carrinhos a montanha russa do Hopi Hari parece um carrossel. O “Tubular” subiam em alta velocidade as imensas dunas de areia, somente para descer (ainda em grande velocidade) dezenas de metros do lado oposto. Só vendo par crer. A habilidade do Mário, nosso piloto e dono da empresa, nos impressionou. Em determinado momento ele desceu conosco (para nosso pavor) uma duna de 150 metros em diagonal. Eu tinha a impressão de que o carro iria capotar a qualquer momento. Mas não, tudo foi calculado e planejado com antecipação. Apesar da extrema emoção os riscos são mínimos. Quando pensamos que tudo havia terminado, paramos no alto de uma grande duna e o Mario nos entregou pranchas de Sandboard. Todos descemos sentados e a uma grande velocidade. O Erick e a Ingrid tentaram descer em pé, mas tomaram tombos homéricos. Gravei tudo em vídeo e depois mostro para vocês.  Para terminar o passeio eu, a Sandra e o Erick descemos uma duna ainda maior, que tinha uns 140 metros de altura. Atingimos uma velocidade de 60 km por hora sentados em cima das pranchinhas. Todos chegaram sãos e salvos. Vocês precisam experimentar!

Depois deste passeio passamos por Ica onde tivemos que fazer uma limpeza nas câmeras. Saiu caro, mas era necessário depois de tanta areia. Chegamos a Nazca às 10 da noite, jantamos e fomos dormir. Como disse no inicio, hoje descansamos e amanhã vamos explorar a região. Até lá!

Abraços

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A Cultura Nazca e suas misteriosas linhas 05 de Janeiro de 2009

Que calor! Não sei quantos graus fez hoje, mas sei que fez bastante calor. Não é a toa que Nazca é conhecida como a cidade do “Eterno Verão”.  Está localizada entre altas montanhas em uma região muita árida do deserto. Quase não chove e o rio que corta a cidade fica seco por cerca de 10 meses no ano. Só pedras!  Mas, graças a esta aridez é que a cidade se tornou famosa no mundo inteiro.

O clima seco, a ausência de chuvas e os ventos amenos preservaram sítios arqueológicos importantes como por exemplo, Cahuachi, a capital do império Nasca, assim como as famosas linhas que cobrem quilômetros do deserto. Este antigo povo que viveu aqui há mais de 1.500 anos atrás, descobriu logo que a água não corria por cima da terra e sim através de lençóis freáticos. Com muita técnica construíram aquedutos subterrâneos captando a água que descia das serras e as conduzindo para suas plantações e casas. Estes túneis foram construídos com pedras e cobertos por uma madeira muito dura chamada Huarango. Esta madeira é tão resistente que ainda hoje os aquedutos continuam a ser utilizados pela população e a madeira original continua firme, sem apodrecer. Para manter os canais abertos os Nascas construíram poços de manutenção em forma de espiral, facilitando assim o acesso aos túneis. Alguns tem até 12 metros de diâmetro e cerca de 5 metros de profundidade.

Hoje visitamos também as ruínas da antiga capital Nasca, contemporânea aos aquedutos. Ela foi descoberta no começo do século 20, mas só foi realmente estudada a partir de década de 90 pelo arqueólogo italiano Giusepe Orefeci. Até agora, já se descobriram 36 pirâmides escalonadas, algumas com mais de 30 metros de altura. A cidade inteira ocupa uma aérea de 24 quilômetros quadrados e fica as margens da planície onde foram encontradas as famosas linhas. Devido principalmente aos poucos recursos as escavações só acontecem alguns meses por ano, por isto somente uma das pirâmides esta sendo restaurada. As outras continuam debaixo da areia, protegidas das intempéries, mas infelizmente longe dos olhares dos turistas. A riqueza do local é tão grande que por todo lado se encontram cerâmicas ricamente adornadas, objetos líticos e fragmentos de ossos. Temos que esperar mais alguns anos para conhecer Cahuachi em todo seu esplendor.

Hoje o Erick não saiu do hotel. Foi a vez dele de ficar doente. Nada de grave. Digo que foi sua vez, porque eu e a Ingrid já tivemos nossos dias de “molho”. Agora a noite ele já estava melhor e amanhã deverá sobrevoar as linhas conosco.

Hoje também foi o dia dos brasileiros. Depois de passar 10 dias sem ver nenhum “brazuca”, encontramos 10 deles de uma vez. E logo aqui em Nasca, um destino que é tão pouco visitado por nossos conterrâneos. Ficamos felizes em encontrá-los. Boa viagem a vocês!

Não posso encerrar hoje sem falar nas famosas linhas de Nasca. As linhas e os desenhos feitos a cerca de 1.500 anos atrás pela cultura Nasca, se estendem por dezenas de quilômetros sobre uma planície seca e calcinada. As linhas e figuras geométricas são muito maiores do que os desenhos. Algumas linhas tem até 20 kms de comprimento e ultrapassam a planície subindo e descendo montanhas. São perfeitamente retas e muitas delas se cruzam entre si. Alguns dizem que foram feitas por extra-terrestre, mas a teoria mais aceita (e que também acredito) é de que algumas linhas (30% delas) apontavam para fontes de água, as figuras geométricas eram lugares de cerimônias religiosas e que os desenhos de animais e algumas linhas marcavam a posição do sol, da lua e das estrelas em diferentes épocas do ano, como os solstício de verão e inverno. Com estas informações, os Nascas podiam prever as chuvas, ventos e consequentemente, saber a melhor época para plantar e colher. As figuras, geralmente bem menores (de 10 a 300 metros) estão espalhadas entre as linhas e parecem representar as constelações celestes. Elas são desenhadas uma única linha continua, como se fosse um fio desenrolado sobre o chão. Há um só inicio e um só final. Muitos estudiosos crêem que os desenhos eram usados em rituais de adoração e sobre eles adoradores caminhavam em procissão homem após homem. Quando faziam isto, tornavam as linhas mais profundas e marcantes, agradando assim a seus deuses. Muito interessante!

Estivemos em um mirante das linhas e no museu Maria Richie, mas isto eu vou deixar para amanhã. Assim conto tudo junto com as linhas foram descoberta e o que vimos hoje do chão e o que veremos amanhã do avião.

Abraços e até amanhã!

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Múmias e linhas vistas do ar 06 de Janeiro de 2009

Adivinha como o dia começou? Quente!

O Erick não acordou muito bem. Ainda tem dor de estômago. Mesmo assim ele não quis perder mais um dia de viagem e nos acompanhou até o aeroporto de Nasca. Ali, embarcamos em um monomotor para sobrevoar o Pampa de San José, a planície onde estão grande parte das linhas. São mais de 300 desenhos e figuras espalhadas por quase 500 km quadrados. Recentemente, foram descobertos ainda mais desenhos na planície da Palpa, à uma hora de vôo de Nasca o que aumenta ainda mais a área a ser estudada. Nosso sobrevôo se resumiu às linhas de Nasca e demorou cerca de meia hora. Pudemos observar de perto (a apenas 100 metros do chão) os principais desenhos e figuras de Nasca. O vôo não teve turbulência, mas as curvas fechadas que o pequeno avião faz para mostrar aos passageiros as linhas, não são para qualquer um. O nosso piloto, Capitão Ricardo, se mostrou muito habilidoso e capaz. Durante o vôo tivemos uma real noção da grandeza das linhas. Notamos que muitas delas foram apagadas pelo tempo e pelas raras pancadas de chuva. Assim mesmo, elas impressionam pela quantidade e precisão. Quanto aos desenhos, os mais interessantes foram as figuras do macaco, da aranha e do colibri. Muitas linhas e desenhos estão sobrepostos e as linhas mais longas sobem e descem montanhas, se estendendo por vários quilômetros. Sem dúvida o sobrevôo é a maneira de se observar as linhas. Para entendê-las melhor, ontem e hoje fomos conhecer as linhas de perto, desde o chão. Para construí-las, os Nascas retiraram a camada superior do solo removendo as pedras escuras que cobrem a superfície. As maiores linhas não tem mais do que 30 centímetros de profundidade. A camada inferior é mais clara do que a superfície escura e este contraste faz com que as linhas sejam visíveis a dezenas de quilômetros. Nesta altura, você deve estar se perguntando: Como elas sobreviveram 1.500 anos?  A explicação é que a ausência de chuvas, o que evita a erosão e os ventos amenos mantêm a superfície da planície sempre limpa de areia.

As linhas de Nasca foram descobertas no começo do século 20, quando os primeiros vôos comerciais atravessaram a região, mas só foram realmente estudadas com a chegada da matemática alemã, Maria Reiche na década de 50. Maria dedicou quase 50 anos de sua vida ao estudo, preservação e divulgação deste impressionante sítio arqueológico. No inicio, ela vinha sozinha, onde passava vários dias no deserto fazendo medições e limpando as linhas com uma vassoura. O povo da cidade não entendia o que ela estava fazendo e a apelidaram de “Gringa Loca” por estar sempre varrendo a areia. Seu empenho e persistência foram recompensados. No final da sua vida ela já era reconhecida mundialmente como a “Dama das linhas” e considerada uma verdadeira heroína pelo povo peruano e pela população local. Sua pequena casa no deserto se converteu em um museu e varias ruas, prédios e até o aeroporto de Nasca levam seu nome. Foi ela que desenvolveu a teoria de que as linhas são um grande mapa astronômico representando constelações e marcando os movimentos dos astros. Seus últimos anos foram passados no Hotel Nasca Lines que lhe cedeu um apartamento. Hoje, o hotel possui um pequeno planetário onde todas as noites são feitas projeções sobre as linhas e o trabalho de Maria Reiche. Fomos ver a apresentação ontem à noite e gostamos muito.

No meio da tarde, ainda debaixo de um forte calor, fomos conhecer a necrópole de Chauchilla, também conhecida como cemitério de múmias. Nesta planície extremamente árida os Nascas, e depois a cultura Ica-Chincha, depositaram seus mortos na forma de múmias, todos envoltos em ricos tecidos e cercados por seus bens, cerâmicas e jóias. Infelizmente os ladrões de tumbas (Huequeros em espanhol) chegaram antes dos arqueólogos e todas as tumbas foram profanadas. Com isto, a maioria dos tesouros se perdeu e o que sobrou foram ossadas e tecidos espalhados por todo o vale. Os arqueólogos reuniram o que puderam e colocaram novamente nas tumbas, mas muitos ossos, tecidos e pedaços de cerâmica continuam espalhados pela areia. Hoje Chauchilla é o único museu de múmias a céu aberto no mundo.

Hoje terminamos nosso dia mais cedo. Muito calor. Amanhã pretendemos sair cedo em uma viagem de 10 horas a Arequipa, conhecida como a Cidade Branca, a 2.700 metros de altura na encosta dos Andes. Será uma viagem longa, mas tenho certeza que terei muitas novidades para contar. Vejo vocês em Arequipa!

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De Nasca a Arequipa 07 de Janeiro de 2009

Hoje acordei pensando sobre o que ia escrever. Tínhamos planejado uma viagem de 8 horas entre Nasca e Arequipa, sendo boa parte dela atravessando o deserto que cobre toda a costa. Esperava uma viagem chata e árida, sem paradas e nem fotos. Acordei pensando no que escrever para manter o diário atrativo em um dia tão chato. Pobre Peter! Mal sabia o que me esperava.

Creio que este foi o dia com as paisagens mais deslumbrantes que já vimos no Peru até agora.  Nossa viagem demorou 11 horas de tanto que paramos para fotografar, isto levando em conta que 90% das filmagens e fotos foram feitas com o carro em movimento para não perder tempo.

Saímos de Nasca pela rodovia Panamericana em direção à costa do Pacífico. Com apenas 40 minutos de viagem passamos ao lado de uma falha geológica de tirar o fôlego. A terra parecia ter se partido em duas por um terremoto e no meio surgiu um profundo vale. Acho que foi isto mesmo que aconteceu. Lembre-se que estamos sobre o encontro da placa de Nasca e a placa sul-americana, uma das regiões mais geologicamente ativas do mundo.

Depois de mais alguns minutos, chegamos ao litoral onde a estrada seguia ora por cima de imensos penhascos, ora ao lado de quilômetros de praias desertas. Do lado esquerdo, montanhas de areia e vales imensos. Do lado direito, um mar de azul intenso, pontilhado de rochas com leves toques de espuma branca. Um delírio. Um quadro pintado pelo criador.  De vez em quando um vale fértil acrescentava um verde forte à paisagem, mostrando mais uma vez que, onde há água, há vida. Primeiro foi o vale de Yauca, totalmente coberto de oliveiras que se estendiam por mais 25 km deserto a dentro. Sentados no alto das suas encostas podíamos ouvir o canto dos pássaros lá embaixo. Um verdadeiro oásis. Nas paredes do vale a história geológica da região estava à mostra em uma seqüência de estratos de lama, calcário e conchas fossilizadas. Incrível! Uma hora depois, nos deparamos com o vale de Ocoña. Cortado por um caudaloso rio, este vale brilhava com um verde mágico produzido pelos imensos arrozais.

A estrada continuou sinuosa, subindo e descendo vales e encostas, arrancando de mim e da Sandra suspiros e expressões do tipo: Olha isto! Nossa! Que maravilha!

E as crianças? Infelizmente dormiram o tempo todo.

No caminho também paramos para conhecer o Santuário Las Calaveritas, traduzindo: As Caveirinhas. Achei o nome estranho até que vi dois crânios humanos com quepes militares em redomas de vidro. Dentro do santuário, além das caveiras encontramos imagens de santos, foto de pessoas já falecidas, cartas com pedidos de milagres e muitas figuras de Jesus. Havia muitas velas acessas aos pés das imagens. Descobri que este é um ponto de parada para muitos motoristas e caminhoneiros que cruzam a Panamericana. Eles acendem as velas pedindo proteção para sua viagem. A Sandra com seu olho clínico para felinos logo descobriu um gatinho dormindo em cima de um altar, talvez aproveitando o calor produzido pelas velas. É claro que ela parou tudo para fazer um carinho no bichano. Quanto aos crânios e o nome do santuário ainda não descobri a razão, mas prometo que vou pesquisar.

A nossa viagem continuou passando por pequenas vilas e portos de pescadores. Demorou quase 7 horas para chegarmos a Camaná, onde paramos para almoçar. Esta viagem deveria demorar apenas 5 horas. Como já disse, foram muitas paradas. Se soubesse que havia tanta beleza neste trecho da rodovia Panamericana teria programado para percorrê-la em dois dias, aproveitando melhor as paisagens e as praias desertas. Na verdade já estamos planejando voltar aqui um dia com nosso motorhome para fazer este trecho sem pressa.

Depois de Camaná, a estrada deixou de acompanhar o litoral e começou a subir as encostas do Andes. Foram subidas leves, seguidas de longas retas através do deserto. Depois de deixarmos a Panamericana, faltando apenas uma hora para Arequipa, o caminho cruzou uma região pedregosa, com curvas fechadas e altas paredes nas laterais. Chegamos a Arequipa logo no começo da noite, amanhã planejamos conhecer a cidade. Portanto, até amanhã!

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Arequipa – A cidade Branca 08 de Janeiro de 2009

Hoje tiramos o dia para conhecer Arequipa, a segunda maior cidade do Peru, com 850 mil habitantes. Apesar de estar a somente 2.300 metros de altitude, todos nós sentimos um pouco de Soroche, o mal de altura. Nada como sentimos em Huaraz, mas sair do nível do mar direto para 2.300m causou um leve desconforto.

Arequipa foi fundada em 1540 e é uma das cidades mais antigas da América do Sul, palco de revoluções e conflitos. Sua principal característica é a arquitetura colonial dos séculos XVI e XVII, bem preservada apesar da cidade ter sofrido vários terremotos. Arequipa possui mais de 39 igrejas ricamente decoradas por fora e por dentro. Muitos dos seus altares são cobertos de folhas de ouro (chamadas de Pan de Oro), além de imagens barrocas e altares de prata pura. Suas ruas são estreitas, repletas de casas coloniais e sacadas.  Arequipa é também conhecida como “Cidade Branca”, pois grande partes de suas construções são feitas de uma pedra vulcânica esbranquiçada chamada “Sillar”, encontrada em dois vulcões da região. Esta pedra tem vantagem de ser muito resistente e ao mesmo tempo fácil de ser trabalhada. A igreja de Yanahuara é um exemplo disto. Construída no século XVI (e ainda de pé), tem sua fachada toda decorada com figuras nativas, um estilo conhecido com Barroco Mestiço.

A praça central do distrito de Yanauhara é um ótimo lugar para observar os vulcões que cercam a cidade, alguns deles com mais de seis mil metros. Dentre os vulcões mais próximos podemos citar o Chachani, Pichu-Pichu e Misti, o mais próximo, estando a apenas 17 quilômetros da praça principal. Foi na praça que a Sandra experimentou o Queso Helado Charito, que de queijo (queso) não tem nada, só o formato. É um sorvete de baunilha com canela. O curioso é que o gelo onde é preparado é trazido de um dos três vulcões que mencionei.

Outro lugar para ver a cidade e seus arredores é o mirante de Carmen Alto. Foi ali que conhecemos dois produtos típicos do Peru. Um é a Maca, fruta produzida na floresta amazônica e depois transformada em licor, balas ou pó. É considerado o Viagra natural do Peru e muito consumida em todo o país. Conhecemos também o Cuy, um animal igual ao nosso porquinho da Índia, usado no Brasil como animal de estimação. Aqui chamado de “Cuy”, é uma iguaria gastronômica peruana e muito consumido em eventos importantes e festas tradicionais. A arqueologia comprova que seu consumo como alimento remonta a quatro mil anos atrás. Eu ainda não me acostumei com a idéia de ter um porquinho da Índia como almoço.

Estamos hospedados na Praza de Armas, no centro da cidade. Daqui é muito fácil sair caminhando para qualquer parte. Há pelo menos três lugares que recomendamos conhecer:

Monastério de Santa Catalina – uma verdadeira cidade entre muros. Construído apenas 10 anos depois da fundação da cidade, hoje cobre uma área de 20.400 metros quadrados. Por volta de 1650 era uma honra para as famílias coloniais ter uma filha religiosa. Por isto, pagava-se um grande dote à igreja para que as meninas pudessem se tornar freiras Dominicanas. Elas entravam no monastério com suas serviçais e ali ficavam até o final de suas vidas. Como a ordem é de freiras reclusas, elas nunca mais poderiam sequer ver suas famílias. Hoje o Monastério tem sua maior parte aberta ao turismo e apenas uma pequena aérea é reservada às 24 freiras que ainda moram ali.

A Catedral de Arequipa também é um monumento digno de ser visitado. Construída em 1621, possui estilo Neo-clássico e está localizada em frente a Plaza de Armas.

Agora, se passar um dia em Arequipa não deixe de conhecer a Juanita. Trata-se de uma múmia Inca apelidada carinhosamente com este nome. Esta menina, que deveria ter entre 12 a 14 anos quando foi morta, foi deixada como oferenda no alto do vulcão Ampato, há mais de 500 anos. Encontrada congelada em 1995 (junto com outros sacrifícios humanos) e se tornou um dos maiores achados arqueológicos deste período. Sua fama correu o mundo e ela também. Juanita já foi levada para os Estados Unidos, Europa e até para o Japão. Ela é tão importante que tem um museu só para ela.

Nossa visita em Arequipa está terminando. Dedicamos apenas um dia para esta cidade. Amanhã viajaremos 5 horas para o interior dos Andes para conhecer o Cânion de Colca, o segundo mais profundo das Américas. Muitas surpresas nos aguardam lá. Quer saber mais?  Então nos vemos amanhã.

Obs: Ainda não descobri o mistério do Santuário das caveiras que visitamos ontem na rodovia Panamericana, mas descobri outra coisa interessante. Nosso guia Homer me explicou que em algumas regiões do Peru dá sorte ter uma caveira em casa. É como se fosse uma protetora da família e dos negócios. Já pensou se a moda pega? Ninguém terá mais sossego, nem os mortos.

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De Arequipa a Chivay 09 de Janeiro de 2009

Hoje saímos de Arequipa em direção ao Cânion de Colca. Foram 5 horas de viagem. ´

É claro que neste tempo estão incluídas muitas e muitas paradas pelo caminho. Arequipa está a2.350 metrosde altura sobre o nível do mar. Em apenas 40 minutos de estrada já estávamos em3.850 metros. Tomamos chá de Coca, comemos bala de Coca, mastigamos folha de Coca e mesmo assim sentimos a altitude. Ficamos todos meio zonzos. Mas foi mal passageiro, que melhorou assim que caminhamos um pouco.

Quando chegamos nesta altitude, entramos na região natural das Vicunhas, um dos quatro camelídios sul-americanos.  A vicunha é a menor dos quatro, porém é a que possui pelo mais fino e também mais caro. As primeiras Vicunhas que vimos estavam distantes. Depois, à medida que subíamos iam aumentando em número e apareciam cada vez mais próximas. Chegou o momento que Vicunhas e Lhamas cruzavam na nossa frente sem nenhuma cerimônia. Uma festa para a fotógrafa Sandra. Eu mesmo passei muito tempo filmando estes lindos animais. As montanhas e pastos ajudam com um cenário perfeito.

A 4000 mil metros chegamos a Patahuasi, uma pequena parada com lanchonete e feira de artesanato. Aproveitamos e tomamos mais chá de coca, desta vez com uma plantinha chamada Chachacoma, que também ajuda a evitar o mal de altura. Ontem, quando falei com minha mãe ao telefone, ela me disse: “Filho, cuidado com tanta coca, não vai se viciar hein!” Rimos juntos. Na verdade muita gente não diferencia a folha de Coca usada pelas comunidades andinas da Cocaína, uma droga extraída da mesma planta. A folha de Coca não é droga, não vicia e nem tem efeitos colaterais. Só facilita a circulação do sangue e a digestão. Ela permite que as pessoas que vivem em altitudes elevadas, onde o ar é rarefeito executem suas atividades normalmente. Ainda em Patahuasi fiz dois novos amiguinhos, duas crianças lindas que brincavam no local. Elas se encantaram em verem suas imagens gravadas no vídeo. E eu me encantei com elas.

Nossa viagem continuou subindo as montanhas até cinco mil metros onde paramos no Mirante Los Andes. No caminho centenas de alpacas, Vicunhas e Lhamas posavam para as fotografias. Não vimos nenhum Guanaco, o quarto membro desta família, pois eles estão quase extintos no Peru. Vimos também muitas pessoas com seus trajes típicos. Lindos! O Peru é um país alegre e colorido. As pessoas, as roupas, as comidas, enfim, tudo exala alegria. Não é a toa que todos ficam fascinados ao visitá-lo.

Depois de ultrapassar os cinco mil metros, descemos a encosta até a parte alta do Vale de Colca, a3.300 metros. Hospedamos-nos na cidade de Chivay, uma autêntica vila andina com praça central, igrejinha, feira e mercado de produtos típicos. No vale do Colca as mulheres se vestem de maneira tradicional. Usam quatro saias, dois coletes e um chapéu bordado. Tudo muito colorido. As que moram na parte mais alta do vale de Colca, usam chapéu de copa alta e motivos tirados da fauna e flora da sua região. As mulheres da parte baixa usam um chapéu com copa mais arredondada e de abas caídas. Os motivos dos bordados também são diferentes. Detalhe: As solteiras usam um adorno no lado direito do chapéu. As casadas usam dois, um de cada lado. Tenho certeza que isto evita muita confusão.

Amanhã sairemos às 6 da manhã para tentar observar os Condores no Cânion de Colca.

Vamos dormir cedo. Tchau!

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Un dia largo – De Colca a Puno 11 de Janeiro de 2009

“Viernes fue un dia largo”. Em Português seria: Sexta foi um dia comprido. No final tudo significa a mesma coisa: Um dia longo, muito longo. Começou cedo, às 5 da manhã quando acordamos para ir ao Cânion de Colca. Acordamos cedo por duas razões. A primeira é que os Condores sobrevoam o cânion até no máximo às 10 da manhã. Depois vão caçar em outro lugar. O segundo é porque o cânion fica a45 quilômetrosde Chivay por uma estrada de terra não muito boa. No caminho, muitas paradas, uma mais interessante do que a outra.

A primeira foi no povoado de Yanque, ainda na parte alta do vale. Na praça central encontramos várias pessoas com trajes típicos esperando pelos turistas. Alguns deles dançavam Wititi (a dança do amor) ao redor de uma fonte. Esta dança representa uma lenda onde um general Inca se vestiu de mulher para raptar uma princesa do Colca. Outros moradores traziam seus animais de estimação para serem fotografados. Os animais de estimação deles são um pouco diferente dos nossos.  Eu tenho gatos e um cachorro. A senhora que fotografei tinha uma coruja e sua amiga uma águia andina. A maioria destes animais foi encontrada machucada ainda como filhotes e assim adotada pelas famílias. Sei que não é muito correta esta atitude, mas não resistimos a sermos fotografados com uma grande coruja ou uma águia nos braços. Isto sem falar na lhama beijoqueira. Bastava chegar perto para ganhar uma bitoca.

Conforme avançamos no vale ele foi se tornando cada vez mais profundo até se transformar no Cânion de Colca, o maior Cânion do mundo. Na sua parte mais profunda tem4.280 metrosdeste o topo da montanha até o rio. Depois de muitas paradas e fotos chegamos ao lugar conhecido com “Cruz del Condor”, um mirante natural considerado  ideal  para se observar o vôo do Condor. Como estava cheio de turistas, nos afastamos um pouco e esperamos a chegada do protagonista do dia em um lugar mais tranqüilo.

O Condor é a maior ave do planeta com uma envergadura que supera os3 metrose vive em média 70 anos. Vivendo nas regiões de altas montanhas ele praticamente não bate as asas, usando o vento e as correntes térmicas para planar. É um vôo majestoso e suave. O Condor está quase extinto em alguns paises andinos, mas aqui no Cânion de Colca ele aparece com freqüência. Esperamos cerca de uma hora até que o primeiro deles apareceu. Era uma ave jovem de plumas marrom escuro. Depois avistamos uma fêmea, um pouco maior e com plumagem negra. Depois de quase duas horas de espera finalmente apareceu um macho grande que media mais de3 metroscom as asas abertas. Era igualzinho as fotos que vimos nos cartões postais. Dorso negro com manchas brancas, com um colar de plumas brancas em volta do pescoço e a cabeça pelada. Para delírio de todos, ele passou varias vezes a nossa frente para depois fazer um rasante de despedida sobre nossas cabeças.

Depois desta apresentação da natureza, voltamos até Chivay (2 horas de viagem), onde almoçamos. A Ingrid não está bem desde Arequipa. Primeiro pela altura e depois com uma infecção intestinal. Coitadinha, tem passado maus bocados, mas agüentado bem todo o percurso. Passamos pelo posto de saúde da cidade onde ela foi avaliada, medicada e liberada para fazer a longa viagem até Puno.

Começamos então uma travessia de 6 horas em direção ao lago Titicaca.  Voltamos uma parte pelo mesmo caminho que usamos para chegar aqui. Isto quer dizer, que tivemos que subir novamente a cinco mil metros para depois descer aos 3.800 onde está Puno.  Foi uma viagem longa, cansativa, mas tranqüila e sem incidentes. Chegamos às 9 da noite e resolvemos chamar um médico para ver e avaliar novamente a Ingrid. Contatamos a Travel Ace, nossa seguradora que enviou um médico ao hotel em 30 minutos. Depois de medicada a Ingrid dormiu bem a acordou muito mais disposta.

O Sábado foi nosso dia descanso e também de aclimatação. Apesar de já termos subido três vezes aos cinco mil metros, Puno é a cidade mais alta em que já dormimos. E isto faz diferença, é preciso se aclimar ao ar rarefeito. Passamos um dia tranqüilo e à tarde fomos conhecer a cidade. Para ir de um lugar ao outros usamos o Táxi-cholo, um triciclo que leva passageiros. Ele é muito usado aqui por ser rápido e barato.

Amanhã pretendemos ir a Uros, as ilhas flutuantes do lago Titicaca. Creio que teremos muito para contar. Até lá!

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Ilhas Uros – Lago Titicaca 12 de Janeiro de 2009

Hoje fomos às Ilhas Uros, as famosas ilhas flutuantes no lago Titicaca. Construídas em Totora (um tipo de junco), elas estão ancoradas apenas a meia hora de Puno. Vivem ali 1.800 pessoas, divididas em 70 ilhas familiares. Eles são descendentes dos Uroitos, um povo que no século XV, mudou-se da terra para dentro do lago.

A principal matéria prima para os Uros é a Totora, uma espécie de junco que cresce nas margens do lago Titicaca. Eles usam a Totora para construir suas ilhas, suas casas, fazer seu artesanato e até na sua alimentação. Além da Totora, os Uros vivem da caça, da pesca e mais recentemente do turismo. Eles descobriam como seu estilo de vida pode ser atraente para os “gringos” e descobriram nesta atividade uma nova fonte de renda. Tanto que muitos dos jovens que saíam das ilhas em busca de oportunidades agora estão voltando para ajudar as suas famílias. Muitos destes jovens já voltam formados e com idéias inovadoras. Hoje existe até um rústico hotel para quem deseja dormir flutuando no lago e descobrir melhor o estilo de vida deste povo.

Encontramos até uma igreja flutuante. É uma igreja Adventista e lá se congregam boa parte dos islenhos. Há também duas escolas. Cada ilha é divida em famílias ou grupo de famílias. As casas são móveis, o que facilita as mudanças em caso de briga entre vizinhos. Em alguns casos, as ilhas podem até ser divididas e separadas. Muito prático!

Assistimos a uma explicação sobre a fabricação das ilhas. Muito didática. Descobrimos que sua base é feita de blocos com raízes de Totora e depois coberta com ramos. Tem espessura média de2 metrose podem durar até 15 anos. Por serem feitas de Totora exigem uma manutenção periódica. As casas também precisam renovar os pisos e tetos a cada dois meses.

Fomos convidados a conhecer algumas das casas. Os Uros vivem de maneira bem simples. As casas têm somente um cômodo e poucos bens.  Devido o grande fluxo de turismo, alguns os seus hábitos tem mudado. Já existem casas construídas em madeira e alguns já possuem painéis solares, luz e até TV. Mesmo assim levam uma vida tranqüila e em contato direto com a natureza. Em geral são saudáveis e alegres. Disseram-me que a única doença que realmente os aflige é o reumatismo, por causa da umidade.

A Sandra e a Ingrid se vestiram com os trajes típicos e quase ficaram morando lá.

Fizeram muitas amizades e até trocaram e-mails. Os Uros podem ser simples, mas são antenados. Afinal, através do turismo, este povo já tem uma porta aberta para o mundo moderno.

Ontem falei do táxi-cholo, o triciclo usado aqui em Puno e Juliaca. Hoje nós quatro andamos novamente nestes interessantes veículos. Foi muito divertido. Amanhã visitaremos Taquile, outra ilha do lago Titicaca, distante duas horas e meia de Puno. Depois conto como foi. Até amanhã

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Ilha Taquile – Lago Titicaca 13 de Janeiro de 2009

Depois de conhecer as impressionantes ilhas dos Uros, fomos conhecer a ilha Taquile, outras das exóticas ilhas do lago Titicaca. Somente hoje tivemos uma verdadeira noção da sua grandiosidade. É o lago navegável mais alto do mundo com 164 km de extensão e 64 km de largura. Sua área é de8.400 quilômetrosquadrados que são divididos entre dois paises, Peru e Bolívia. A maioria das ilhas e 60% do seu total ficam no Peru. Além de Uros e Taquile, as ilhas mais famosas são Amantani, Suace e Soto.

Taquile é uma ilha rochosa que fica a 2 horas e meia de navegação de Puno. A única vila fica no alto da montanha a190 metrosacima do lago. Para chegar até ela existem dois caminhos: uma escadaria com 538 degraus que leva direto à vila ou uma trilha de quase três quilômetros com subidas suaves que passa por fazendas e pequenas comunidades. Escolhemos a segunda, pois seria mais fácil evitar o mal da altura. Conforme subíamos, encontramos muitos taquilenhos fazendo suas atividades diárias que são basicamente a agricultura e o artesanato.  Seus trajes logo nos chamaram a atenção, pois são diferenciados conforme o estado civil de cada um. As mulheres casadas normalmente se vestem com saia preta e blusa de cores sóbrias. Sobre a cabeça levam um xale de lã negro. As moças solteiras também usam o xale, mas suas roupas são de cores vivas e com enormes e coloridos pompons nas pontas do xale. Todas usam de5 a6 saias, uma por cima da outra. Os homens em geral usam calça, colete pretos e uma cinta larga e colorida na cintura. Junto à cinta levam uma bolsa onde carregam as folhas de Coca. A diferença entre solteiros e casados está no gorro. Os solteiros um gorro branco e vermelho e os casados um gorro vermelho. Se o homem solteiro está comprometido usa o pompom do gorro para o lado. Se está disponível, usa o pompom para trás. Achei o costume bem prático e que com certeza evita muita confusão.

Por falar nisto, confusão é muito rara na ilha. Os Taquilenhos tem um conjunto de três leis básicas herdadas dos antepassados Incas. São elas:

Ama Sua – Não seja ladrão.

Ama Kella – Não seja preguiçoso.

Ama Llulla – Não seja mentiroso.

Além disto, o principio de companheirismo e da reciprocidade são muito fortes na ilha. Se alguém precisa de ajuda, todos ajudam. Cada comunidade tem um presidente a quem todos os conflitos e necessidades são apresentados. Como sinal de sua autoridade, estes chefes usam um gorro colorido sob um chapéu escuro. Todos os Domingos, depois da missa, os presidentes das diversas comunidades se reúnem com o prefeito (eleito por 4 anos) e discutem a solução dos problemas. Nunca terminam a reunião sem dar uma solução a cada caso. Isto ajuda a garantir um clima de paz na ilha. A comunidade de Taquile também é muito saudável. Existem poucas doenças e a média de vida é um das mais elevadas do Peru, chegando aos 85 anos. Isto se deve muito a vida tranqüila e ao fato de 98% das pessoas daqui serem vegetarianas. Os animais da ilha são usados para a agricultura, para tirar leite e lã.

Depois de quase 90 minutos de caminhada (lembre que temos que caminhar devagar devido à altura) chegamos à vila central. Um grande arco marca entrada, assim como a divisa entre as comunidades. Eles são loucos por arcos. Estão em toda a parte. Na praça principal, há um grande prédio onde todo o artesanato é vendido através de uma associação local. Interessante é que a maioria deste artesanato é feito pelos homens e não pelas mulheres. Eles passam boa parte do dia tecendo bolsas, sacolas e outros objetos que usam ou vendem. Fazem isto o tempo todo, mesmo quando estão conversando ou resolvendo problemas. As mulheres cuidam de fiar a lã, da casa e também do gado. Isto se deve a uma antiga lenda que menciono mais abaixo.

Fomos almoçar em um pequeno restaurante. Pequeno mesmo, pois o Erick mal passava na porta. Comemos truta do lago e sopa de Quínua, um cereal andino. Tudo muito simples e saboroso. A digestão foi feita descendo os 538 degraus até o porto. Mesmo “morro abaixo”, não foi nada fácil descer os degraus de pedra. Meia hora depois embarcamos para Puno, aonde chegamos ao final da tarde.

O passeio terminou com um mergulho do Erick no meio do lago Titicaca. Uma despedida gelada das águas azuis do lago navegável mais alto do mundo.

Em Puno ainda tivemos disposição para realizar algumas tarefas e compras que precisávamos. Afinal, amanhã teremos uma viagem de quase 9 horas através do altiplano em direção a Cusco. Até lá!

Lenda – Manco Capac e os Taquile

Conta a lenda que o império Inca surgiu quando o primeiro rei, Manco Capac, filho do deus Sol emergiu do lago Titicaca. Ao seu lado surgiu também Mama.  Antes de irem a Cusco, onde fundariam sua capital, fizeram uma parada na Ilha Taquile. Mama ensinou as mulheres a fazer fios, a cozinhar e cuidar de suas casas. Manco Capac ensinou aos homens a agricultura e também a tecer. Tudo isto sob uma condição. Os conhecimentos sobre a tecelagem nunca deveriam deixar a ilha. Por isto, até hoje os homens tecem em Taquile e seu artesanato é diferente dos outros na região de Puno.

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De Puno a Cusco 14 de Janeiro de 2009

O dia começou frio e chuvoso, mas como ficar parado e quentinho no hotel não era uma opção, saímos cedo para a viagem de351 quilômetrosentre Puno e Cusco. Nosso caminho atravessou o altiplano, o planalto andino que começa no Peru e vai até o norte da Argentina.  Nesta região, cuja altitude média é de quatro mil metros, a população vive principalmente da agricultura e da criação de gado. Só no estado de Puno são mais de dois milhões e meio de cabeças, incluindo, alpacas, vicunhas, lhamas, bovinos e ovelhas.

Nossa primeira parada aconteceu aos 40 minutos de viagem. Fomos conhecer as Chulpas de Sillustani, uma necrópole que já foi usada por várias civilizações. As primeiras tumbas, em formato de torres, foram construídas no ano 200 a.c. pela cultura Pukara. Depois vieram os Tiahuancos e finalmente os Incas. Estes últimos construíram torres com pedras perfeitamente talhadas e muito mais altas. As maiores atingem12 metros. As tumbas incas possuem pedras com entalhes que representam seres com atributos divinos (na sua cosmovisão) como, por exemplo, a serpente e o lagarto, símbolo do renascimento. Em todas as torres há uma pequena porta orientada para o nascente. Eles criam que os raios do sol eram os mensageiros entre os mortos e Inti, o deus Sol.

Depois de mais uma hora e vinte de viagem, chegamos à cidade de Pukara. Hoje esta pequena vila é famosa por produzir os “Toritos”, touros de cerâmica que são colocados em cima das casas para atrair boa sorte. Estes “Toritos” são fabricados em pequenas oficinas artesanais, a maioria delas familiares. É um processo rústico, porém interessante. Estranhamente poucas casas na cidade usam o amuleto. Talvez por isto a cidade não tenha progredido muito. Pukara já foi a capital de uma avançada civilização que habitou os Andes há dois mil anos atrás. Na cidade ainda se encontram algumas ruínas e um museus com várias peças daquele período. Infelizmente não nos foi permitido fotografar ou filmar, nem as ruínas, nem o museu. Não me pergunte por quê… Mas se passar pela cidade faça uma visita. Vale a pena.

Por volta do meio dia paramos no ponto mais alto desta travessia, o PasoLa Raya, com altitude de4.313 metros. Depois de tanta aclimatação, quase não sentimos a altura. Estava frio, muito frio. Fomos também surpreendidos por uma chuva de granizo. Mesmo assim fizemos fotos e imagens, pois este local é muito importante. Primeiro porque é um divisor de águas. As nascentes de um lado correm para Pacífico e do outro para o Atlântico. Depois porque nestas montanhas nasce o rio Vilcanota, um dos formadores do rio Amazonas. Isto quer dizer que, teoricamente, se eu colocar uma garrafa com uma mensagem aqui no Peru, posso encontrá-la meses depois em uma praia na ilha do Marajó no Brasil. Incrível né! O rio Vilcanota depois se torna o rio Urubamba, que é considerado sagrado pela cultura andina. Ele é o formador do Vale Sagrado, sobre o qual falarei depois.

Depois do almoço, paramos em um dos sítios arqueológicos mais importantes do vale, na pequena vila de Raqchi. Ali encontramos as ruínas de um templo dedicado a mais alta divindade Inca, o deus Wiracocha, considerado o criador e mantenedor de todas as coisas. O templo tem uma arquitetura diferenciada, foi construído parte em pedra, parteem adobe. Estálocalizado na metade do principal caminho Inca, que ligava Tiahuanaco na Bolívia com Cajamarca, ao norte do Peru. Este lugar também funcionava como depósito de alimento para tempos difíceis. Encontramos ali 220 silos de alimentos com3 metrosde altura. Um deles foi reconstruído e coberto com palha para servir de referência aos visitantes.

Na estrada vimos um homem secando peles de lhamas. Achamos interessante e paramos para fotografar. Perto dali, mulheres lavavam roupa no rio e varias crianças nadavam nuas. Estava um frio de rachar. Logo a Sandra estava cercada de novos amiguinhos.

As crianças peruanas são encantadoras e muito simpáticas. Adoram conversar e perguntar muito, sobre tudo.

Nossa última parada foi em Rumicolca, uma muralha que atravessa o vale sagrado de lado a lado. Ele era usado como posto de controle para que entrava ou saía de Cusco, a capital do império. Quando desci para fazer a gravação, vi um homem que caminhava pela antiga trilha Inca. Estava vestido de branco e carregava algo envolto em panos nas costas. Parecia um Inca que viajou no tempo e acabava de entrar pelas muralhas em direção a Cusco. Viajei!

Chegamos a Cusco no começo da noite e nos hospedamos no Hotel Terra Andina, um prédio colonial no centro da cidade. Excelente! Amanhã vamos conhecer cidade e falar um pouquinho sobre o Incas e sua conquista. Inté!

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Incas, Espanhóis e Dedinhos em Cusco 15 de Janeiro de 2009

Hoje corri um grande risco, entrei com a Sandra e a Ingrid no mercado de Cusco. Agi rapidamente e consegui minimizar os danos. Elas compraram pouco. Ufa! Brincadeiras à parte, esta foi somente uma parte de um dia muito interessante. O mercado é realmente um ótimo lugar para conhecer o povo e seus costumes. Ver o que comem, bebem e vestem. Sempre que podemos, visitamos o mercado da cidade que estamos. Além disto, o Mercado de Cusco é um dos melhores lugares para se comprar artesanato e roupas de lã. Mais barato que no centro.

Nosso dia começou com a visita a dois templos. O primeiro foi o de Koricancha, o mais importante templo do império Inca. Dentro dele haviam pequenos templos dedicados a divindades como o Sol, a Lua, ao Raio, entre outros. Foi construído com o melhor do conhecimento e habilidade Inca e tinha os muros cobertos de ouro. Em seu jardim havia estátuas de tamanho natural representando pessoas, animais e plantas, todas em ouro e prata. Com a chegada dos espanhóis no século XVI, o templo foi saqueado. Sobre suas paredes foi erguido um monastério em honra a São Domingos. Os invasores transformaram os templos em capelas e destruíram muitas de suas paredes. Hoje, ainda restam algumas salas e muros originais.

Na verdade, muitos edifícios de Cusco estão construídos sobre alicerces Incas. Os espanhóis logo perceberam que quando aconteciam tremores de terra, a arquitetura colonial vinha abaixo, enquanto as paredes Incas ficavam intactas. Então os espanhóis começaram a usar as bases de templos e palácios para construir suas igrejas e casas.

Para construir a Catedral de Cusco, eles foram mais longe. Destruíram o Palácio de um rei Inca e depois usaram as pedras na Catedral. Ela é uma das mais ricas que já vi. Possui mais de uma centena de obras de arte da escola Cusquenha, enormes altares de ouro, prata, pedra e madeira. Pena que não permitiram fotografar. É interessante também observar o sincretismo que houve entre a religião andina e o catolicismo. Muitas divindades Incas estão representadas em figuras de santos católicos. Existe inclusive um quadro representando a Santa ceia, porém sobre a mesa, existe um Cuy (porquinho da Índia) no lugar do pão.

Estivemos também no Hotel Monastério, o mais luxuoso de Cusco. Ele tem este nome justamente por ter sido o Monastério de San Antonio. Hoje recebe turistas e governantes de todo o mundo. Pelo que sei, o presidente Lula já esteve aqui duas vezes. O hotel possui uma capela forrada de ouro (pão de ouro) que é usada em várias ocasiões. Vale a pena visita-la.

Estivemos também no bairro de San Blas, considerado o reduto dos artesãos de Cusco. Por atrás da igreja e da praça principal se estende um labirinto de pequenas ruas e alamedas, repletas de pequenos cafés, restaurantes descolados e lojas de arte e artesanato.

Desde Nazca a Sandra resolveu colecionar fantoches de dedinhos. São pequenos dedais tricotados representando animais e pessoas de diversas regiões do Peru. É muito fácil achar a Sandraem Cusco. Bastaprocurar uma loira cercada de pequenos vendedores de “dedinhos”. Ainda bem que são baratinhos!

Esta cidade é incrível e há muito que falar sobre ela. Por isso, vou deixar um pouco para amanhã. Tchau!

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Pukapukaraquenkotambomachaysaksawaman 16 de Janeiro de 2009

Diga bem rápido, três vezes e sem respirar o título de hoje. Se conseguir, receberá da Familia Goldschmidt um diploma de mestre em Quéchua.

Estes são os nomes das quatro ruínas Incas que visitamos hoje, todas próximas a Cusco.

Elas fazem parte do Parque Arqueológico de Saksawaman, que contém mais de 200 ruínas. A primeira que visitamos foi justamente Saksawaman, um complexo religioso construído no alto de uma montanha, ao lado da cidade. Cusco, durante o Império Inca, tinha um plano urbano na forma de um Puma, animal sagrado da trilogia Inca (veja abaixo). A Avenida do Sol era a Calda, o templo de Koricancha eram os órgãos genitais (fertilidade), a Praça de Armas era o coração (poder) e Saksawaman era a cabeça. Desde suas muralhas se tem a melhor visão da cidade de Cusco. Estas ruínas chamam a atenção pelas gigantescas pedras cortadas com precisão, alguma com mais de10 metrosde altura. Também existem 12 portas de pedra, praças e escadarias.  Na parte de trás das ruínas, perto de um anfiteatro encontramos algumas pedras que formam um escorredor natural. São pedras lisas em forma de canaleta. Adivinhe se eu e o Erick não descemos várias vezes…

Depois de Saksawaman fomos conhecer Qenqo (Quenco), ruínas de um centro cerimonial. Qenqo que dizer labirinto, pois existem vários deles dentro das rochas partidas. Nas grutas encontramos mesas escavadas na pedra onde se preparavam sacrifícios e mumificações.

Perto dali visitamos Puka Pukara, a fortaleza vermelha. Um posto de observação e controle para quem chegava à capital do império. Nossa última parada da manhã foi em Tambomachay, as ruínas de um posto de parada no caminho Inca. Delas fluem diversas fontes de água pura. Estas fontes e cascatas de pedra derramam água fresca sem interrupção há 4 séculos, sempre na mesma quantidade. Até hoje não se sabe a origem precisa desta água que é trazida por meio de aquedutos subterrâneos desde o alto das montanhas. Dizem que quem bebe três goles voltará a Cusco e quem lava o rosto com ela ficará mais jovem. Mesmo não acreditando nesta história o Erick enfiou toda a cabeça embaixo d´água, só como precaução.

Na parte da tarde, fomos entender um pouco mais sobre os Incas e seu império conhecido como Tyantisuyo, que quer dizer, o Império das quatro regiões. No seu auge, os Incas dominaram quatro regiões da América. O norte até a Colômbia, o sul até Santiago do Chile, o oeste com toda costa peruana e o leste até a selva além dos Andes. Dominaram durante quase 400 anos e tinham conhecimento avançado em arquitetura, matemática, astronomia, agricultura e uma eficiente organização social. Visitamos o museu Inca um dos melhores museus de Cusco que mostra esta civilização desde o período formativo até sua conquista pelos Espanhóis. Se vier a Cusco, não deixe de visitá-lo.

Apesar de ser época de chuva e do céu estar sempre carregado de nuvens, o tempo só tem nos ajudado. Deus tem nos abençoado durante toda a expedição com um tempo perfeito para cada destino. Amanhã pode até chover, pois vamos fazer um rafting no rio Vilcanocha já que vamos nos molhar mesmo. Depois mudaremos para o Vale Sagrado onde passaremos três dias. Com vocês sabem amanhã, Sábado, não haverá diário, mas domingo eu conto como foi.

* Trilogia Inca

A trilogia Inca é composta de três divindades: O Condor que domina o céu é a região dos deuses. O Puma, senhor da terra em que vivem os homens. E finalmente a serpente, a rainha das regiões inferiores onde estão os mortos. São considerados animais sagrados e estão representados em estatuas, decorações, relevos e pinturas. A Cruz Andina, inspirada no Cruzeiro do Sul tem três degraus de cada lado, representando cada um destes animais ou reinos.

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Um santo rafting 18 de Janeiro de 2009

Na Sexta choveu. Mas não estávamos nem aí. Já estávamos molhados mesmo. Sabe por quê? Sexta foi dia de rafting. Um santo rafting, pois descemos o rio Vilcanota, o rio sagrado dos Incas que forma o Vale Sagrado. Mais santo que isto impossível!

Fomos com a empresa Mayuc, guiados pelos experientes Willian, Raul e Davi. O atendimento foi excelente e o rio, nem se fala, maravilhoso! Começamos com o nível I e terminamos no IV. Grandes corredeiras e saltos. A água estava a 5 graus, gelada, mas a adrenalina e a paisagem nos fizeram esquecer o frio. Rimos muito. Foi um dos melhores rafting que já fizemos. No final, uma sauna, um banho quente e um delicioso almoço nos esperavam. Perfeito! Recomendo!

No caminho de volta passamos por duas pequenas vilas. Uma delas, a vila de Oropesa é especializada na produção de pães. São cerca de 500 panificadoras familiares que abastecem não só a cidade mais toda a região de Cusco. O pão é levemente adocicado e muito apreciado pelos cusquenhos.

A outra vila é Saylla cuja especialidade dos restaurantes é os Chincharones, uma comida típica peruana. Trata-se da pele do porco frita (tipo torresmo) junto com batatas doces e salgadas, milho e outros vegetais. Para empurrar tudo para baixo, uma taça de rum.

No final do dia viajamos para a parte norte do Vale Sagrado (o Rafting foi ao sul). Agora estamos mais perto de Machu Picchu. No Sábado descansamos como é nosso costume e recuperamos a energia. Amanhã vamos começar a explorar o Vale. Tem muita coisa interessante por aqui. Espero vocês! Abraços!

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O Vale Sagrado 19 de Janeiro de 2009

Ontem descansamos e fomos a Igreja. Almoçamos fora e caminhamos um pouco pelo vale às margens do rio. No retorno não encontramos táxi comum, por isto pegamos um táxi coletivo.Viemos em oito dentro de um carro projetado para 5 pessoas. Eu e o Erick no porta-malas. Super confortável!

O Vale Sagrado dos Incas, cortado pelo rio Urubamba (ou Vilcanota) é um dos lugares mais belos do estado de Cusco. Possui um micro-clima único que mantém a temperatura amena durante todo o ano permitindo assim o bom desenvolvimento da agricultura.

Começamos nosso dia explorando a Feira de Pisac, uma das mais tradicionais do vale. Ela acontece semanalmente há mais de 300 anos. A parte externa está voltada ao artesanato, enquanto no centro da feira acontece a troca e venda de produtos agrícolas. O “Trueque”, como é chamado ou intercambio de alimentos e animais, é feito por pessoas de várias comunidades que se reúnem aqui três vezes por semana. Um saco de milho por uma cabra. Um quarto de ovelha por um saco de batatas e assim por diante. É na feira de Pisac que podemos ver a grande variedade de produtos cultivados no vale.  Espigas de milho multicolores, dezenas de variedade de batatas, cereais que só crescem nas alturas, tudo ali, exposto aos olhos do visitante.

Perto do meio-dia fomos surpreendidos por um desfile diferente. Na frente uns 20 meninos, vestidos a caráter, sopravam grandes conchas na forma de instrumentos musicais. Atrás, 15 homens vestidos em mantos coloridos e empunhando um bastão de prata e madeira. Eram os 15 lideres dos distritos da cidade de Pisac. Todos os Domingos eles assistem a missa e depois se reúnem com o prefeito da cidade para resolver problemas de suas comunidades. Acompanhamos todos até o teatro da cidade e assistimos parte da reunião. Como tudo era falado em Quéchua, a língua dos Incas, nós não entendíamos nada, fomos embora. Foi uma grande oportunidade de mergulhar na comunidade local e conhecer um pouco mais sua cultura.

Na feira visitamos também a parte turística, onde existem centenas de barracas com tudo o que você imagina. Visitamos um forno onde assam deliciosas empanadas. No mesmo forno também vimos assar o Cuy (porquinho da Índia) que por aqui é uma iguaria sem igual.

A cidade colonial de Pisac fica no vale, mas a cidade original fica no alto das montanhas, como a maioria das cidades Incas. Incrível como estes Incas adoravam uma caminhada montanha acima. Mas isto tinha uma razão. Construindo no alto das montanhas eles ficavam livres de enchentes, longe dos desmoronamento, mais longe ainda dos inimigos e mais perto dos seus deuses: o Sol, a Lua, os Raios e as próprias montanhas ou Apus. As ruínas de Pisac ainda conservam toda a estrutura de uma cidade Inca com áreas destinadas ao cultivo, moradia, culto e cemitério.

Almoçamos em Urubamba, na Pousada del Inca de Yucay. Lá encontramos uma lhama  brincalhona. Primeiro ela só queria morder nossos tênis. Depois a brincadeira ficou mais séria e todos tivemos que correr. Foi divertido, nunca tínhamos brincado de pega-pega com uma lhama.

Quarenta quilômetros adiante encontramos outra cidade Inca, só de desta vez habitada.  Trata-se Ollantaytambo ou Tambo de Ollanta (veja lenda abaixo). É uma cidade pequena que ainda conserva grande parte da sua arquitetura original, do tempo do império Inca. Possui ruas estreitas, canais de água na calçada, cultivo em terraços e uma área religiosa. Esta última é conhecida como as Ruínas de Ollantaytambo e é composta por enormes terraços de cultivo, pelo templo do sol (inacabado) e pelo templo das dez janelas. São ruínas impressionantes, imponentes e que requerem boas pernas para chegar ao seu topo.  O dia estava meio chuvoso, mas mesmo assim exploramos tudo. Descobrimos que a pedreira de onde vinha todo o material para a construção dos templos ficava o topo de uma montanha do outro lado do vale. Longe pra chuchu! Os Incas tinham que fazer uma viagem imensa, carregando grandes blocos de pedra para construir seus templos. Durante a jornada, muitas pedras caiam e se quebravam, sendo assim abandonadas no meio do vale. Hoje são conhecidas como Pedras Cansadas e marcam o caminho feitos pelos antigos trabalhadores.

Lenda Ollantaytambo

Conta a lenda a um soldado do império Inca chamado Ollanta se destacou tanto nas batalhas que foi alçado ao posto de general. Passou então a freqüentar a corte em Cusco e lá se apaixonou pela filha do Imperador, a princesa Kusicoyllor. Obviamente o imperador Pachacutec não ficou nada feliz com o namoro pois o general era um homem do povo, de uma classe mais baixa. Perseguido pelo imperador, Ollanta fugiu com seus soldados para o Vale Sagrado e se refugiou na cidade que hoje tem o nome de Ollantaytambo (Pousada de Ollanta). O general ficou escondido ali por 10 anos até que um outro general, chamado Rumiñawi, o encontrou, e depois de uma batalha o aprisionou. Ollanta foi levado para Cusco, mas para sua sorte Pachacutec havia morrido. O novo imperador não se opôs ao casamento e libertou o general. Finalmente Ollanta se casou com Kusicoyllor e viveram felizes.

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Maras, Moray e bicicleta no Vale 20 de Janeiro de 2009

Saímos cedo para subir uma das encostas do vale. Fomos atrás de dois lugares pouco visitados por quem vem ao Peru e ao Vale Sagrado. O primeiro deles foi Moray, um centro de pesquisa agrícola Inca. Quem visita estas ruínas pela primeira vez, tem a impressão que se trata de um discoporto, isto por ela ter o formato de um disco. São dezenas de terraços circulares e concêntricos, todos feitos de pedra. Os Incas usavam estes terraços para fazer pesquisas sobre as plantas que cultivam e que traziam de outros lugares. Usando variações de terraços eles podiam mudar a altitude, a umidade, clima e a temperatura. Desta forma eles podiam determinar em que parte do seu reino estas plantas produziriam melhor. Estes Incas sabiam fazer as coisas.

Depois de caminhar muito em Moray, atravessamos vários campos cultivados com batatas, nabos e milho até chegar às Minas de sal de Maras. Chegamos a um vale repleto de piscinas cobertas de sal. Não estava tudo branco como nas fotos que vimos, pois a temporada de produção na salina é de Abril a Outubro. Como estamos em Dezembro, tudo estava vazio e abandonado. Neste vale nasce um rio de água salgada (69% de Cloreto de Sódio) que é represado em mais de cinco mil piscinas de barro.  Nestas piscinas o sal é extraído pelo processo de evaporação. Isto acontece aqui desde o século XII. Hoje cerca de 200 famílias se beneficiam desta atividade. Carmen, nossa guia sugeriu que descêssemos a pé pelo vale até o rio Urubamba. Animados pela beleza do vale, topamos e fizemos uma linda caminhada por um lugar surrealista.

Almoçamos em Urubamba e na parte da tarde resolvemos conhecer o Vale Sagrado de outra maneira, de bicicleta. Saímos do Hotel Sol e Luna guiados pelo Moyses. Seguimos por pequenas trilhas que passava por comunidades rurais. Atravessamos canais de água, ruínas de um palácio Inca, igrejas, vales floridos e centenários terraços de cultivo. O Vale sagrado é cheio de surpresas. Valeu a pena ficar com as pernas doloridas.

O Vale Sagrado bem que poderia ter este nome devido sua beleza. No entanto, esta denominação vem desde a época do império Inca. Este povo tinha na Via Láctea suas principais constelações, como por exemplo a do Sapo, da Lhama, da Serpente e do Condor. Acontece que o Rio Urubamba exatamente na mesma posição da Via Láctea, como se fosse um espelho da mesma. Assim, os Incas entendiam que o Vale era o reflexo do céu (Via Láctea) na terra. Por isso o nome de Vale Sagrado. O assunto era levado tão a sério, que cada vila do Vale representava uma estrela ou constelação do céu. A vila de Ollantaytambo, por exemplo, representava a constelação da Lhama.

Amanhã seguimos para Machu Picchu, o local mais visitado e mais conhecido do Peru.

Passaremos dois dias explorando as ruínas e caminhando pela região. Tenho certeza que teremos muitas novidades. Até amanhã!

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A cereja do bolo 21 de Janeiro de 2009

Hoje nos aprofundamos no Vale Sagrado em direção ao destino mais conhecido e mais visitado de todo o Peru. Estou sempre comentando que Machu Picchu é a cereja do bolo de qualquer viagem ao Peru.

Nossa viagem começou na estação de Ollantaytambo, onde embarcamos em um trem com destino a Águas Calientes. Conforme o trem avançava, o vale tornava-se cada vez mais estreito. De um lado o rio Urubamba ia ganhando volume e força, do outro, as montanhas iam chegando cada vez mais perto e ficando cada vez mais altas. Chegou a um ponto em que o trem só podia avançar atravessando por túneis escavados na pedra.  A paisagem que já era linda se tornou ainda mais impressionante e imponente. Impossível desgrudar os olhos da janela.

Depois de uma hora e meia chegamos finalmente a Águas Calientes, a vila que serve de base para quem visita as ruínas de Machu Picchu. É nesta vila que se concentram todos os hotéis e restaurantes da região. A única exceção é o Santuary Lodge, o único hotel em frente às ruínas, cujo valor da diária nem vou comentar.

De Águas Calientes embarcamos em um micro ônibus para percorrer o último trecho de 20 minutos até as ruínas. Uma estrada sinuosa nos levou do nível do rio até400 metrosacima da montanha. A cada curva, o vale ia ficando mais abaixo e a paisagem se tornando mais e mais interessante.

Chegamos a Machu Picchu sob chuva e uma forte neblina. Demorou um pouco para o tempo melhorar, mas valeu a pena esperar. As nuvens foram se abrindo pouco a pouco e a lendária Machu Picchu foi se revelando para a Familia Goldschmidt (e também para as 856 pessoas que estavam por lá). A partir do lugar chamado de “Casa do guarda” tiramos muitas fotos das ruínas com as montanhas Cuchi-Picchu e Waina Picchu ao fundo.

Foi num dia assim, nublando e chuvoso que o explorador americano Hiram Bingham chegou a Machu Picchu em 1911. Ele foi o primeiro cientista a visitar a cidade desde que foi abandonada no século XVI e foi ele quem fez as primeiras escavações e revelou ao mundo as ruínas de Machu Picchu. As ruínas forma batizadas com o nome da montanha onde estava, pois o nome original da cidadela Inca se perdeu no tempo. Não há registro, em todas as crônicas Incas sobre a existência desta cidade, quem a habitou e porque foi abandonada. Sua história é um mistério. Sabe-se apenas que era uma cidade completa com zona agrícola, residencial, templos e praça central.

Além de visitar as ruínas fizemos uma caminhada de meia hora até a Ponte Inca. O caminho é na verdade uma trilha estreita que segue entre a montanha e o precipício. Muitas vezes a largura se reduz a menos de1 metro, mas é perfeitamente seguro. A Ponte Inca faz parte do caminho que vai a Choquequiral, outra cidade Inca na selva. Ela foi construída na parede de um desfiladeiro, onde os Incas empilharam pedras rentes à rocha para fazer não só a ponte como também o caminho. Impressionante!

Todos voltaram ao hotel úmidos e felizes. Todos loucos para voltar às ruínas amanhã quando planejamos conhecer mais detalhes da cidadela e caminhar até a Porta do Sol, a entrada oficial de Machu Picchu e inicio (ou final) da Trilha Inca. Esperamos um dia com sol e com muitas aventuras. Até lá!

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Machu Picchu e a Porta do Sol 22 de Janeiro de 2009

Hoje subimos mais uma vez as ruínas de Machu Picchu e desta vez chegamos com tempo bom e sol. Acordamos decididos a caminhar.Em Machu Picchuexistem várias trilhas para se percorrer, todas muito interessantes e com diversos níveis de dificuldade. Ontem fizemos a trilha da Ponte Inca, lembram-se? Além dela, existem outras como:

* Montanha Machu Picchu (3.040 m – 2 horas). A mais alta e com a melhor vista das ruínas e do vale.

* Montanha Wiña Picchu (2.750 m – 1 hora).  A mais famosa. Tem um limite de 400 pessoas por dia. As vagas costumam terminar bem cedo às 7 da manhã.

* Montanha Putucuci (montanha alegre). Fica em frente à Machu Picchu e é a mais difícil e perigosa. Poucos vão lá.

Nós escolhemos a trilha para a Porta do Sol, uma trilha pouco íngreme, porém sempreem ascendente. Nãoé perigosa e tem paisagens incríveis. As ruínas da Porta do Sol marcam o início da estrada Inca para Cusco e também foi a entrada oficial para Machu Picchu no tempo do império. Quem vem caminhando para Machu Picchu chega por ali. Foi uma caminhada de uma hora saindo desde os2.350 metros(onde está Machu Picchu) até2.720 metrosde altura. Lá de cima tivemos uma vista maravilhosa de todo o vale, das ruínas, de todas as montanhas e da estrada sinuosa que dá acesso à cidadela. A estrada Hiram Bingham é a única estrada para se chegar a Machu Picchu. Tem mais de 10 curvas de 180 graus e um desnível de350 metros. Não há carros por aqui, somente uma frota de 20 micro-ônibus que percorrem a estrada levando turista para cima e para baixo.

Depois que voltamos da Porta do Sol aproveitamos o bom tempo para relaxar e curtir as ruínas e o movimento dos turistas. Eu e a Ingrid sentamos em uma escada de pedra com vista para toda a cidadela e ficamos observando quem passava. Havia gente de todos os lugares, de todos os países. Vimos muitos brasileiros, muitos com camisas de seus times preferidos. Teve até um corintiano que trouxe uma bandeira para ser fotografadaem Machu Picchu.Coisasde corintiano. O Erick adorou! A Sandra, junto com a Carmen, nossa guia, preferiu fotografar as lhamas que passeavam por ali. Passou um bom tempo entretida com os filhotes que nasceram há pouco mais de um mês. Não foi fácil tirá-la de lá, mas conseguimos.

Amanhã começamos o nosso retorno a Cusco e depois para Lima. No caminho vamos visitar vários outros lugares importantes e com certeza teremos muitas novidades. Aguardem! Até amanhã.

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Sapo e Chicha 23 de Janeiro de 2009

Saímos no trem das oito horas com destino ao Vale Sagrado. Optamos por não ir direto de trem até Cusco para conhecer um pouco mais a região do rio Urubamba. Utilizamos o trem Vista Dome, que é o da classe intermediaria dos três disponíveis. O mais simples é o Backpacker, e o mais luxuoso é o Hiram Bingham. O nosso trem tinha parte do teto de vidro e serviços de bordo, incluindo um pequeno show folclórico e desfile com roupas de lã de alpaca vendidas no próprio trem.

Descemos na estação de Ollantaytambo e continuamos pela estrada nossa viagem a Cusco. Entre Ollantaytambo e Pisac encontramos várias casas que tinham na frente uma vara de bambu com um plástico vermelho na ponta. Descobrimos que este sinal marca as Chicherias, lugares onde se vende a Chicha, uma bebida alcoólica feita de milho. A Chicha tem teor alcoólico baixo (2 graus) e é muito consumida pela população. Nos finais de tarde muitos trabalhadores se reúnem nestes bares improvisados para um Happy Hour Andino. Em muitas das Chicherias existe um jogo rudimentar e antigo chamado Sapo. Dizem que vem desde a época da colonização. Trata-se de um tablado com vários buracos marcando pontos. No alto, um sapo de metal com boca aberta é o que tem maior valor. A certa distância, o jogador atira fichas de metal e tenta fazer o maior número de pontos possível. Resumindo, é o tataravô do fliperama.

Chegamos a Cusco no começo da tarde, a tempo de passear pela cidade e fazer algumas compras. É praticamente impossível não levar uma lembrança ou alguma roupa. O artesanato em geral é muito bem feito, colorido e com preços razoáveis. De todos os lugares que visitamos, Cusco e Puno tem preços mais interessantes.Em Machu Picchuos preços são mais caros. Recomendo sempre viajar com uma mala extra para levar suas compras. Comprar uma sacola de lã de ovelha também é uma opção.Também pode-se encontrar quase tudo em Lima, no Mercado Índio em Miraflores por um preço um pouco mais alto. No entanto, recomendo comprar sempre no local onde são produzidos, pois assim coopera-se com o desenvolvimento do comercio e turismo regionais. É muito importante fortalecer as populações através da compra de serviços e produtos locais.

Amanhã planejamos conhecer duas ruínas que poucos conhecem: as fontes de Tipon e cidade pré-inca de Pikillarca. Conto tudo depois.
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Taca, ruínas e batatas 25 de Janeiro de 2009

Para viajar de Cusco a Lima temos duas opções: Uma viagem de 23 horas de carro ou uma viagem de 1 hora de avião. Adivinha por qual viagem optamos? Ontem embarcamos em um dos vôos da TACA AIRLINES com destino a Lima. Foi um vôo tranquilo e confortável e no final da manhã já estávamos na “Cidade dos Reis”.

Na sexta-feira aproveitamos nosso último dia em Cusco para visitar duas ruínas pouco conhecidas: Pikillacta e Tipon. As duas têm suas entradas incluídas no “Boleto Turístico”, um ingresso único para várias atrações na região de Cusco, mas que por estarem fora do circuito turístico tradicional não são muito divulgadas.

Viajamos para a região sul de Cusco, seguindo a mesma estrada que nos trouxe de Puno. Passamos por vários povoados, cada um deles com sua especialidade. O primeiro foi Saylla,especializado em Chincharon (uma fritura de carne de porco com vegetais). Depois veio Huasao, onde se concentram os adivinhos e videntes eem seguida Tipon, onde se serve o melhor Cuy dos Andes.  A próxima cidade foi Oropesa, capital peruana do pão e finalmente Piñipampa, repleta de fábricas de telha.

Entre Oropesa e Piñipampa tomamos um desvio que nos levou a Pikillacta, às ruínas de uma cidade pré-inca pertencente à civilização Wari. Datada do século IX d.c., estas ruínas impressionam pelo tamanho e complexidade. Existiam ali mais de 10 mil casas e dezenas de ruas que cortam a cidade nas direções norte–sul e leste-oeste. As casas estão em bairros fechados por muros, cada bairro com uma única entrada. Muitas das casas tinham dois ou três andares, o que nos impressionou por se tratarem de construções tão antigas. Em alguns locais pode-se ver os piso e paredes originais que eram cobertos com barro queimado ou argila. Ainda há muito que ser explorado nestas ruínas, pois a maioria das casas está enterrada por escombros. O que se vê nas fotos é apenas a parte superior das residências.

Depois voltamos à cidade de Tipon e seguimos por uma estrada de terra até o alto das montanhas. Ali encontramos um conjunto de terraços agrícolas construídos durante o império Inca e preservados até hoje. É o único lugar onde se podem ver os canais hidráulicos Incas em pleno funcionamento. O nome Tipon vem do Quéchua “Tinpuy”, que quer dizer, ferver. Uma referência às nascentes de água que borbulham no alto da montanha. Das nascentes, a água é conduzida para fontes cerimoniais e para diversos canais que irrigam os 12 terraços de cultivo. É interessante notar como há 500 anos o povo Inca já dominava princípios da Física importantes para movimentar a água a grandes distancias sem auxilio de bombas. Gostei muito das duas ruínas, mas em Tipon nos sentimos como se tivéssemos voltado no tempo.  Recomendo!

Não poderia deixar Cusco sem falar sobre um dos produtos mais autênticos do Peru e dos Andes, a batata. Ela surgiu aqui, nas encostas dos Andes e desde então tem sido cultivada, aprimorada e consumida por boa parte da população do Peru. Devido ao seu grande poder nutritivo e fácil adaptação aos diferentes climas e temperaturas, alguns cientistas acreditam que a batata venha a ser a solução ideal para a fome no mundo. Muitos crêem que uma dieta composta de batata e leite seria suficiente para fornecer ao corpo humano todos os nutrientes necessários para sua sobrevivência. No Peru já foram identificadas perto de 4 mil variedades de Batatas, muitas delas selvagens. Os Incas tinham no milho e na batata a base de sua dieta. Não surpreende o fato de existirem mais de mil palavras em Quéchua para descrever variedades de batatas. A variedade Pumampamakin, por exemplo, tem este nome por lembrar a forma de um Puma.  A variedade Waqcha Kuyac é conhecida como a batata dos pobres, pois cresce em todos os terrenos e sob qualquer clima. Os espanhóis, quando chegaram ao Peru, não conheciam este tubérculo. Ela foi apresentada a eles pelo próprio Inca. Com ela os espanhóis mataram a fome e tiveram energia para saquear todo império. Tenho certeza de que o Imperador Inca se arrependeu desta descrição. Da Espanha a batata ganhou o mundo e hoje é um dos alimentos mais consumidos em todo o planeta. Os povos andinos desenvolveram várias técnicas para desidratar a batata e conservá-la por até cem anos. Uma delas consiste em deixar a batata no rio por 15 dias, depois amassá-la com os pés para tirar a umidade e então deixá-la ao relento, no frio da noite por mais um mês. No final do processo ela fica branca e seca, porém mantendo todos seus nutrientes.  Desta maneira ela pode ser guardada e reidratada sem problemas em tempo de escassez de alimento.

Amanhã e segunda faremos as últimas gravações e reportagens em Lima e voltaremos ao Brasil na Terça. Mas até lá ainda tem muita aventura nesta expedição. Aguardem!

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Sons e sabores do Peru 26 de Janeiro de 2009

Hoje acordei com uma surpresa, o Erick e a Ingrid invadiram meu quarto com um bolo, uma velinha e uma mensagem de Feliz Aniversário. Fiquei muito feliz! Grato a eles pela homenagem improvisada e a Deus, acima de tudo por tudo que me concedeu durante estes 46 anos bem vividos e pela familia maravilhosa que tenho.

Ontem à noite chegamos bem tarde ao hotel.  Fomos ao restaurante Junius (Miraflores) assistir a um show de dança folclórica. Durante nossa expedição tivemos oportunidade de conhecer a dança e a música de vários lugares do Peru, mas ainda faltava conhecer o folclore de lugares que não visitamos ou danças que não tivemos a oportunidade de assistir. Dentre as várias danças apresentadas, duas nos chamaram a atenção. Uma foi a “Marinera”, uma dança originada a região de Trujillo (norte) e que tem uma versão Limenha. Nela, um rapaz com chapéu largo e uma moça com um lenço trocam cortesias e galanteios. Na dança original o homem monta um cavalo de Peruano de Paso e circula em volta da moça com destreza. Posso dizer que esta é a dança mais representativa do Peru.

Outra dança que nos chamou a atenção foi a “Danza de las Tijeras” (tesouras), originária da região de Ayacucho. Acompanhados por violino e harpa, os bailarinos dançam levando na mão as lâminas separadas de uma tesoura. Com habilidade usam as partes como instrumento de percussão enquanto dançam. A dança representa uma disputa entre quem consegue fazer os movimentos mais estranhos tocando as tesouras sem perder o equilíbrio. Impressionante!

Da mesma maneira que fomos conhecer as danças que não havíamos visto, também fomos provar as comidas que ainda não havíamos conhecido. Para isto fomos ao restaurante Puro Peru (bairro de Barrancos) que tem um grande buffet de comida típica.

Já havíamos provado muita coisa, mas ainda faltavam alguns pratos importantes. Dentre eles quero mencionar os “Anticuchos”, prato bem popular que consiste em um espeto com carne de coração de boi. Outro prato é a “Causa”, uma massa feita de batata recheada com carne, frango ou peixe. Entre as sobremesas provamos o “Suspiro Limeño” (com doce de Leite) e Mazamora Morada, uma gelatina feita com milho roxo acompanhado de canela e pedaços de frutas, uma delicia! Não poderia terminar sem mencionar os Picarones, um tipo de rosquinha frita que é servida com melado de Cana de Açúcar. Imperdível!

É claro que existem outros pratos importantes como o Chevice, Ají de Galinha e os Chincharones, mas eles já foram mencionados durante a expedição e não quero ser repetitivo. Amanhã vamos conhecer os famosos Cavalos Peruanos de Paso e fazer as gravações finais do nosso DVD. À noite, embarcamos para o Brasil. Aguardem, teremos ainda muitas novidades.

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Volta para casa 27 de Janeiro de 2009

Nosso último dia em Lima foi mais corrido do que imaginávamos.

Fizemos as últimas gravações no Parque dos Amores, um espaço verde a beira-mar em pleno bairro de Miraflores. Durante as gravações pintamos nosso retrato, mas esta é uma surpresa para o final do DVD. O pintor fez um excelente trabalho de caricatura. Eu achei que fiquei meio gordo, mas…

Nós o encontramos na praça de Miraflores, junto com outro artistas que todos os domingos e reúnem ali. Se você vier a Lima e quiser uma boa lembrança recomendo que procure um desses artistas.

Também não posso deixar o Peru sem mencionar uma visita que fizemos alguns dias atrás, mas por falta de espaço não tive tempo de contar. Outro dia fomos visitar uma fazenda criadora do Cavalo Peruano de Paso.  Esta raça é um dos ícones culturais do Peru. Este cavalo desenvolveu um andar diferente das outras raças, uma vez que sempre mantém três de suas patas no chão. Ao caminhar também faz um movimento lateral com as patas. Tudo isto colabora para que o Cavalo Peruano de Paso tenha um andar macio e suave. O cavaleiro, quase não sente o movimento, mesmo galopando. Eu não entendo muito de cavalos, mas mesmo para um leigo como eu fica claro que esta é uma raça muito especial.

Amanhã chegaremos ao Brasil, mas não pense que a nossa história termina por aqui. Ainda temos muitas viagens para contar. Espero que continuem nos acompanhando neste espaço. Podem enviar suas perguntar e comentários. Ficaremos felizes em respondê-los.

A Viagem ao Peru foi uma experiência e tanto, e os vídeos que fizemos durante essa emocionante visita estão disponíveis na TV Gold.

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