Bariloche

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Olá amigos,

Peter e Sandra Goldschmidt estão embarcando em mais uma expedição. Vamos para Bariloche na Argentina. Vamos conhecer a linda natureza, a diferente cultura e explorar todos os meios de conhecer cada parte de Bariloche. Te aguardo aqui!

Destino: Bariloche
Início: 27/03/ 2009
Termino: 05/05/2009

 

Peter Goldschmidt

* Acompanhe também a viagem pelo facebook.com/goldtripviagens

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Chegando a Bariloche 
27 de março de 2009

Bariloche

Chegamos ontem a Bariloche em um voo direto da TAM. Foram pouco mais de 4 horas de viagem desde São Paulo. O voo foi muito bom, com um excelente serviço de bordo. Só não entendi porque um voo tão longo não oferece filmes a bordo. Foram várias horas de entrevistas bem chatas. Talvez a intenção seja para provocar sono nos passageiros. Se foi, deu certo! Na falta de um bom entretenimento é melhor dormir mesmo.

 

Bariloche

A cidade de Bariloche tem uma localização privilegiada às margens de um enorme lago azul e cercada por montanhas. Uma das mais altas é o Cerro Catedral, conhecido por ser uma das melhores pistas de esqui da Argentina. Porém, durante o verão é uma montanha com as outras, parte coberta de bosques, parte com sua superfície nua, sem nenhuma vegetação.  Para admirar a região escolhemos subir em outra montanha, o Cerro Otto, mais próximo da cidade e com menos altura. No seu topo existe um restaurante giratório com uma linda visão da cidade e do lago Nahuel Huapi.

A palavra Bariloche que dizer: Povo de trás da montanha. Tem origem na língua dos Mapuches, povo indígena que habitou no passado esta região. Provenientes do Chile ocuparam também as terras a leste do Andes onde está Bariloche. Alguns dos seus descendentes podem ser encontrados em reservas próximas ao centro da cidade.

Bariloche foi fundada oficialmente em 1902 com o nome de San Carlos de Bariloche.  Esta localizada dentro do Parque Nacional Nahuel Huapi, o primeiro parque nacional argentino e até hoje o maior de todos. Pode-se dizer seguramente que Bariloche vive para o parque e por ele. Sua vocação turística é incontestável e nas últimas décadas tem se firmado cada vez mais como o destino de neve preferido dos brasileiros. Cerca de 40 mil deles desembarcam aqui todos os anos entre os meses de Julho e Agosto. Porém, o que muito destes “Brazucas” não sabem é que Bariloche é também um destino fantástico durante o verão e o outono. Nestas épocas o sol trás à tona todas as cores, sabores e aromas escondidos pelo manto branco da neve. Entre os meses de Dezembro e Abril, Bariloche é verde, azul, amarela e vermelha. Verde pelos bosques que cobrem suas montanhas e vales. O azul é divido entre o céu e seu lagos de origem glaciar. O amarelo do Amacay, a flor mais típica de Bariloche. O vermelho proveniente das rosas, das tulipas e também de frutos silvestres como a framboesa, a amora e a Rosa Mosqueta, dos quais são produzidos doces, geléias, chás e até perfumes.

O verão também é uma época excelente para visitar Bariloche por outras razões. Há menos turistas e por consequência mais promoções e um melhor atendimento no já bem conceituado comércio local. Os preços em geral estão mais baixos nesta época, especialmente na hotelaria. Os chocolates e alfajores ficam até mais saborosos com preços menores. No verão também é mais fácil percorrer as estradas da região e visitar locais que estarão fechados ou com acesso restrito durante o inverno. Enfim, se você quer uma boa opção para uma viagem de verão, eis aqui a solução.

Em nossa expedição vamos tentar descobrir as belezas escondidas nesta terra de montanhas e lagos. Para tornar tudo isto mais interessante, vamos nos aproximar da natureza praticando atividades como caminhada, cavalgada, canoagem e passeios de bicicleta. Aproveito que vocês estão aí deste lado da tela e os convido para que viagem junto conosco e que compartilhem com nossa família cada uma de nossas aventuras. Espero vocês aqui todos os dias, com um novo diário de bordo.

Peter Goldschmidt

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Nahuael Huapi, o lago que se chama Ilha
28 de março de 2009

Nahuael Huapi

O dia amanheceu chuvoso e ventando. Que importa? Estamos aqui para conhecer e é isto vamos fazer. Fomos conhecer dois lugares no do lago Nahuel Huapi que está em frente à Bariloche.  Antes, no entanto, vale a pena falar um pouco sobre este lago tão lindo (mesmo com chuva). Para começar ele é muito grande. Sua superfície cobre uma área três vezes maior do que a da capital do país, Buenos Aires – DF. Além do seu corpo principal, possui sete braços que avançam por entre as montanhas andinas. Um dos mais importantes, o Braço Blest, é o caminho usado para se fazer a travessia lacustre para o Chile, o famoso Cruce de lagos. Seu nome, Nahuel Huapi, quer dizer, Ilha de Nahuel (que alguns traduzem como Ilha do tigre, embora não existam tigres na América ou na região). Este é o primeiro lago que conheço que se chama Ilha. Interessante! Em dias de vento como o de hoje, tem-se a impressão que o lago é um mar, especialmente quando se observa o tamanho de suas ondas e o barulho quando as mesmas encontram a costa. Lindo! Para conhecê-lo embarcamos em um catamarã em Puerto Pañuelo, na península de Lhao-lhao, a 25 km do centro. Durante a viagem subimos ao deck superior e fomos recebidos por várias gaivotas. Na verdade elas vieram comer, acostumadas a receber pedaços de pão dos turistas. Tirei uma ótima foto da Sandra!

Ilha Victoria
Em 30 minutos já estávamos na ilha Victória, uma das maiores do lago com mais de 20 quilômetros de comprimento. A ilha Victória está coberta por vegetação não nativa, fruto de um reflorestamento feito no começo do século XX. Por isto, encontramos aqui espécies como o Cedro do Líbano, coníferas de mais de 40 espécies e as gigantescas Sequoias trazidas dos Estados Unidos. Algumas delas têm um diâmetro de 12 metros e mais de 30 metros de altura. Depois de caminhar uma hora pela ilha, embarcamos novamente e seguimos para nosso próximo destino, a península de Quetrihue, que devido a sua geografia mais parece uma ilha. Sua única ligação com a margem do lago é um estreito ístmico de terra na altura de vila La Angostura. Apesar do tamanho da ilha, esta ligação não tem mais do que algumas dezenas de metros. Para quem gosta de caminhar é possível desembarcar em um extremo e seguir caminhando até a vila. São 12 km de uma caminhada leve e interessante.  Na península visitamos o Bosque de los Arrayales. O Arrayal é um arbusto que normalmente cresce isolado nas margens dos lagos e tem cerca de 5 metros de altura. Em Quetryhue, por alguma razão inexplicável, os Arrayais se transformaram em árvores de até 20 metros e formaram um imenso bosque. Como o tronco desta planta é muito claro, cor de canela e repleto de manchas brancas, o interior do bosque adquire um brilho mágico, quase místico. Impressionante!

Retornamos ao hotel no final da tarde, debaixo da mesma chuva que caia quando saímos. Estávamos molhados e muito, muito felizes. Foi um dia e tanto. Como disse o Clemente, proprietário da Diversidad: Se você gostar de Bariloche com chuva, certamente gostará dela em qualquer época do ano. Amanhã vamos conhecer a região mais a leste do lago, onde está Vila Angostura e o Vale Encantado. Quem me visitar amanhã, saberá. Inté!

Peter Goldschmidt

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O Vale Encantado e La Angostura
29 de março de 2009

O Vale Encantado e La Angostura

Apesar de o outono haver apenas começado, hoje as montanhas de Bariloche receberam a primeira pincelada de neve. Foi uma nevasca fraca, mas o suficiente para acrescentar mais um tom à já multicolorida paisagem.

Hoje fomos conhecer a parte leste do lago Nahuel Huapi. Nossa primeira parada foi nas margens do rio Limay formado pelas águas que saem do lago. Ali encontramos vários pescadores dentro do rio, com água até o joelho. Eles estavam pescando a truta, um peixe introduzido nesta região há muitos anos e bem adaptado a baixa temperatura do lago. Mal chegamos e já testemunhamos a pesca de um peixe macho com cerca de 3 quilos. Uma beleza! Se não fosse a água fria, até eu me arriscaria a pescar. Por enquanto, vou ficar só olhando.

Um pouco mais adiante notamos que a vegetação havia mudado, pois entramos na Estepe Patagônica. É uma região semiárida, quase um deserto. Interessante como em poucos quilômetros a geografia, a fauna e a flora podem mudar tanto. Nos Andes, onde esta Puerto Blest chove cerca de quatro mil milímetros por ano. As montanhas têm mais de três mil metros de altura e são cobertas por bosques densos e muito úmidos. Apenas 20 km a leste, na região de Puerto Pañuelo, as montanhas são mais baixas e a vegetação menos densa, pois chove somente dois mil milímetros ao ano. Mais 20 km em direção ao nascente e já estamos em Bariloche, cujo índice pluviométrico cai para mil milímetros anuais. Aqui o que predomina é o bosque de transição ou bosque seco. Finalmente chegamos ao ponto que visitamos hoje, 20 km a leste de Bariloche, onde só chove 500 mm ao ano. Devido à falta de precipitações a vegetação é mais baixa, quase rasteira e muito mais seca.

Avançamos entre a estepe e a zona de bosques sempre acompanhando o curso do rio Limay. Em diversos lugares fomos obrigados a parar, não devido ao tráfego, mas por causa da beleza e a exuberância da paisagem. Um lugar mais lindo do que o outro. Uma destas paradas foi no Anfiteatro, onde o rio Limay achou espaço entre duas grandes paredes de rocha e formou um enorme circulo que lembra um teatro de arena. Outra parada foi no Vale encantado, onde o vento e a chuva moldaram os picos das montanhas na forma de torres e pontões. Aqui as sombras e a imaginação tem um papel importante definindo cada figura e sua representação. Um lugar de tirar o fôlego que me lembrou um pouco das montanhas rochosas canadenses, embora com muito menos altura.

Para se recuperar desta aventura de imagens e paisagens almoçamos em Confluência, onde o rio Limay recebe as águas vindas do rio e lago Traful. Com a chegada do outono, algumas árvores começam a mudar a cor de suas folhas, tingindo a paisagem de amarelo e vermelho. Um lugar lindo, em qualquer época do ano.

Nossa tarde terminou em Vila La Angostura, uma pequena cidade na margem oposta do lago Nahuel Huapi em relação à Bariloche. Com apenas 15 mil habitantes, Vila La Angostura tem construções no estilo de montanha e está repleta de lojas e café. Este é o caminho obrigatório para quem atravessa de carro ao Chile e a única cidade entre Bariloche e Osorno, no país vizinho. Desde aqui também sai um pequeno barco em direção ao Bosque de Arrayales, embora com uma freqüência bem menor do que sai de Puerto Pañuelo. De qualquer modo é uma cidade que vale a pena ser visitada e faz parte de um tour chamado Circuito Grande. Este tour sai de Bariloche, visita a estepe passando pelo rio Limay, Vale Encantado e Confluência. Depois segue para o lago Traful, a vila de Traful e finalmente Vila La Angostura. Recomendo!

Voltamos a Bariloche onde o dia terminou com sol e pouco vento. Amanhã promete! Nosso plano é subir até um refúgio no alto das montanhas chamado Neumeyer. Ali pretendemos fazer caminhadas e visitar a lago Esmeralda. Quer saber mais? Só amanhã aqui.

Peter Goldschmidt

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Refugio Neumayer e bosque de Lengas
30 de março de 2009

 Refugio Neumayer e bosque de Lengas

Hoje o dia amanheceu claro e com céu Azul. Aproveitando o bom tempo escolhemos visitar uma região que é muito concorrida durante o inverno, mas pouco visitada durante os meses mais quentes, o Vale de Challhauco, dentro do parque Nahuel Huapi. Subimos por dentro deste vale longo e íngreme até chegarmos a uma cabana no meio da floresta, o Refugio Neumeyer. Construído pelo Clube Andino de Bariloche em 1973, esta cabana serve desde então de apoio e refugio aos caminhantes e esquiadores. Ali é possível descansar, comer e até dormir em qualquer dia do ano. A chegarmos, fomos recebidos pelo sr. Adan e sua família. Eles administram o local e que moram aqui já a 15 anos.

Depois de provar algumas deliciosas empanadas, fomos conhecer a região. Dentre das várias opções de caminhada, escolhemos a trilha que leva a Laguna Verde e ao mirante Pedregoso. Fomos acompanhados pelo guia Marcelo, nosso amigo Martin da agência Diversidad e pelo câmera Leonardo. A trilha seguiu ascendente por dentro de um bosque aberto, composto principalmente por árvores de lengas. Esta árvore, típica da Patagônia, cresce em lugares muito frios, geralmente na altitude onde há neve durante o inverno.  Vive de 100 a 200 anos, mas nesta caminhada encontramos árvores mais velhinhas, algumas com até 300 anos de idade. Enquanto subíamos pelo trilha fomos aprendendo sobre a flora e fauna locais. Durante parte do percurso fomos acompanhados por um filhote de Carancho, um tipo de falcão. Ele voava de árvore em árvore sempre nos observando. Aprendemos também que as Lengas são atacadas por um tipo de fungo que interrompe a circulação da seiva nos troncos e galhos. Para sobreviver, a árvore cria desvios que tomam a forma de um anel grosso em volta do tronco. São os “nudos” ou nós (em português). Alguns deles são tão grandes que duplicam o diâmetro do tronco. Durante o verão este fungo produzem um pequeno fruto chamado de Lhao-lhao. É comestível e foi muito consumido pelos nativos Mapuches. Advinhe se eu não provei?

Conforme subíamos na montanha, o tempo foi mudando de sol a nublado. No entanto, foi uma grata surpresa quando os flocos de neve começaram a cair do céu. Foi a primeira nevada do ano. Os flocos derretiam assim que tocam o chão, mas foi o suficiente para emprestar outro colorido a paisagem e alegrar a viagem destes brasileiros doidos por neve.

Quando chegamos ao mirante Pedregoso, a nevada já havia acabado e pudemos ver ao longe o lago Nahuel Huapi e a cidade de Bariloche as suas margens. Descemos então a trilha até a laguna verde, na qual não havíamos parado por causa da nevasca. Agora, uma hora depois, o sol já brilhava no céu refletindo as águas claras de tom esverdeado deste lago. Nos disseram que aqui vive uma rã endêmica, mas não as encontramos. Depois de muitas fotos e filmagens, retornamos para o refúgio onde nos esperava um delicioso almoço.

O clima agradável, nossos amigos e uma boa truta assada preparada para o jantar foram argumentos suficientes para nos convencer a dormir ali.  Afinal, amanhã nossa paisagem via mudar drasticamente. Sairemos da montanha e iremos atravessar a estepe Patagônica de Caiaique. Mais isto é outra história. Espero vocês amanhã.

Peter Goldschmidt

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Canoagem no rio Limay
1 de abril de 2009

 Canoagem no rio Limay

Das montanhas e estepe. Da terra a água. Saímos do refúgio Neymeyer pela manhã e descemos até as margens do Lago Nahuel Huapi onde suas águas formam o rio Limay. Na língua Mapuche, Limay quer dizer cristalino. E foi exatamente isto que vimos nas águas do rio, uma transparencia impressionante. Desde os caiaques era possível ver com clareza cada pedra e os peixes no fundo do rio.

Escolhemos a empresa Pura Vida Patagônia para nos levar nesta expedição por rio. Eles têm experiência de 10 anos nesta aérea e por isto nos sentimos mais seguros com eles. Fizemos parte de uma expedição de 2 dias, composta também por dois australianos, dois canadenses e os guias Diego e Gaston. Usamos caiaques canadenses de dois lugares, assim eu e a Sandra pudemos viajar juntos.

O Limay é um rio tranqüilo, que desce sereno por entre as colinas semi-áridas da estepe patagônica. Suas margens, repletas de árvores como o Sauce e os Alamos, fazem um contraste com a vegetação baixa e agreste do interior. Aqui e ali aparecem casas de fazenda ou pequenos currais de ovelhas. As aves estão por toda parte e podem ser vistas banhando-se no rio ou nos observando desde as copas das árvores. Vimos muitos Caranchos, Chimangos, Cormoranes, Martins Pescador e outras pássaros que vivem as margens do Limay.  Apesar de tranqüilo, o rio reserva muitas surpresas. Uma delas são as pequenas corredeiras que acrescentaram adrenalina a nossa viagem. Apesar de seguro, é preciso atenção e cuidado para atravessar estas partes onde o rio ganha velocidade e as pedras afloram sobre a água.

Tudo foi muito divertido pois alternávamos partes de pura emoção com trechos onde o rio apenas nos levava enquanto conversávamos e observávamos a natureza ao redor. No primeiro dia remamos cerca de 35 kms, no meio dos quais fizemos uma parada para o almoço. Nesta hora não pude perder a oportunidade de nadar nas águas geladas e transparente. Para mim nadar em um lugar significa tornar-me parte da paisagem e não apenas observá-la. Estava frio, pois a água tem origem glaciar, mais foi mergulho delicioso, revigorante.

No final da tarde, desembarcamos em uma pequena ilha coberta de Sauces e habitada apenas por Cabritos, a ilha Chivo. Foi quando começamos a tirar tudo de dentro das canoas: comida, água, barracas e os sacos de dormir. Sem vento e com céu estrelado, fizemos um delicioso acampamento ao redor da fogueira, com direito a jantar e até um chocolate típico de Bariloche como sobremesa. Tudo organizado com maestria pelo pessoal da Pura Vida Patagônia.

No dia seguinte, acordamos com o nascer do sol e depois de um saboroso café da manhã continuamos nossa jornada rio abaixo. Neste segundo dia, encontramos menos corredeiras e mais trechos lentos o que nos obrigou a remar um pouco mais. Para manter o ritmo e sincronizar as remadas, eu e a Sandra começamos a cantar todas as músicas que nos vinham a memória. Até cantamos o hino nacional. Os australianos nos olhavam e não entendiam nada. Foi muito divertido!

Passamos pelo Vale encantado, um lugar que havíamos visitado de carro, mas que de dentro do rio adquiri outra forma. As rochas moldadas pelo vento pareciam maiores e pela natureza desta viagem pudemos observá-las com mais tempo e atenção.

Nossa viagem terminou perto do local onde o rio Limay recebe as águas do rio Traful, em um trecho chamado confluência. Dali, seguimos para a cidade de Bariloche buscar nossas malas e seguimos novamente para dentro do parque nacional em direção ao hotel Tronador. Mas isto, deixo para contar amanhã. Até lá!
Peter Goldschmidt

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A montanha do trovão
2 de abril de 2009

A montanha do trovão

Depois de 1 hora de viagem desde Bariloche, chegamos ontem a noite no hotel Tronador. Com chegamos a noite, não tínhamos idéia de onde estávamos. Quando amanheceu ficamos maravilhados. De nossa janela avistamos um lago azul celeste cercado de verde e por altas montanhas, um delas ostentando um belíssimo glaciar. Boquiaberto, passamos direto pelo café da manhã e fomos fotografar e filmar. Só voltamos para o hoje, quando a fome apertou.

O hotel Tronador é um dos mais antigos da região fundado em 1928. Apesar de antigo tem instalações impecáveis e é quase auto-suficiente em todos os aspectos. É uma excelente opção para quem deseja se hospedar dentro do parque.

Saímos então em direção a centro do parque, atravessando florestas nativas compostas de coihues, pinheiros e lengas. Foi uma viagem cheia de paradas, pois a cada curva queríamos descer do carro e fotografar. Entravamos por um vale chamado Pampa Linda de onde se via toda a cordilheira e ao fundo o imenso e majestoso Cerro Tronador.

Com 3.554 metros de altura o Cerro Tronador é a maior montanha de toda a região, possui três picos, sendo que o mais alto marca o limite da fronteira entre Argentina e Chile. Localizado dentro do Parque Nacional Nahuel Huapi, tem seu cume coberto por gelo eterno e de suas encostas descem vários glaciares.  Comforme estes glaciares perdem massas, imensos blocos de gelo despencam de suas encostas fazendo um barulho semelhante ao de um trovão. Daí vem seu nome, Tronador (de Trueno, trovão em espanhol).

Estes são os glaciares de fácil acesso mais ao norte de toda a Patagônia. Em alguns é possível chegar de carro enquanto outros exigem algumas horas de caminhada. De todos os glaciares do parque dois chamam a atenção. O primeiro é Castaño Overap, cujo gelo azul reflete a luz do sol e tem um grande contraste com a montanha de rocha escura. O outro é o glaciar Negro, um fenômeno único da região. Acontece o seguinte: o glaciar manso, de gelo branquíssimo, deixar cair grandes blocos no vale abaixo. Junto com os blocos, descem também pedras, cascalho e areia negra retirados da montanha pela força do gelo. Neste vale, devido a baixa temperatura e a pressão, o gelo forma um novo glaciar, desta vez misturando o gelo com todas as impurezas. Por isto, suas paredes geladas adquirem um tom escuro, onde linhas negras e brancas se misturam. No final do vale o gelo volta a se quebrar na forma de grandes icebergs, cada um de um cor variando do branco o cinza escuro. A esta lagoa repleta de gelo se pode chegar em carro ou com passeios contratados.  Fantástico!

Depois de visitar o glaciar Negro seguimos um pouco mais adiante até um lugar chamado garganta do Diabo, que de maquiavélico não tem nada, somente o nome. Neste cânion, devido as recentes chuvas contamos mais de 15 cachoeiras, algumas delas com mais de 300 metros de altura. Por se tratar de um glaciar suspenso, o glaciar Manso, produz com sua águas mais de 30 cascatas que cortam a montanha negra com seus fios de linho branco. Lindo!

Pesca de Trutas

No final da tarde, voltamos ao hotel Tronador ainda a tempo de participar de uma pescaria de Truta. Este é um esporte muito comum na região. A pescaria de truta é bem diferente do que a pescaria tradicional. Na minha visão é quase uma dança. As trutas costuma comer pequenos insetos e peixes em movimento, por isto não se usa chumbo na ponta da linha, pois as iscas tem que ficar na flor da água. As iscas também são artificiais chamadas Moscas e imitam pequenos insetos. Para lançar a linha o pescador faz movimentos com a vara para frente e para trás, fazendo com que a linha (leve) adquira a tensão e velocidade necessária para ser lançada longe do barco ou da margem. Com as trutas comem peixes e insetos em movimento, assim que a isca toca a água, o pescador começa a puxá-la lentamente, imitando o movimento da presa. Quanto a isca chega próxima ao barco, a dança começa novamente. Com se vê esta não é uma pescaria estática, mas requer paciência com qualquer outra. As vezes demora de uma a duas horas para se capturar uma única truta. Eu pessoalmente não tive nenhuma sorte e acabei comendo a truta que foi servida no jantar do hotel .

Amanhã, temos planejado uma atividade especial. Vamos fazer um rafting de nível 4 no rio Manso, ao sul do parque. Espero vocês aqui para contar esta história. Até amanhã!

Peter Goldschmidt

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Grite, chore e vire a esquerda
3 de abril de 2009

Rafting no rio Manso

Hoje amanheceu chovendo. Grande coisa! A previsão é que fiquemos molhados de qualquer maneira. Vamos fazer um rafting no rio Manso.

Este rio tem sua origem nos glaciares do Cerro Tronador. Curiosamente ele começa a descer em direção ao oceano Atlântico a leste, mas devido a um divisor de águas faz a volta e acha seu caminho através dos Andes para finalmente desaguar no Pacífico a oeste. Durante seu percurso em território argentino há diversos locais habilitados para a canoagem e ao rafting, variando desde o nível I ao IV.

Nós escolhemos fazer o último trecho, considerado o mais técnico, chamado La Frontera. Ele tem este nome porque termina justamente na fronteira entre a Argentina e o Chile. Recebemos nosso equipamento na base da empresa Extremo Sur com quem faremos o rafting. Já prontos, seguimos de carro por mais alguns quilômetros até chegar a ponto de partida. Depois das instruções iniciais, subimos ao bote e começamos a aventura.

Neste ponto, o rio desce um profundo cânion rochoso cercado por floresta Valdiviana, uma floresta densa e muito úmida, típica do Andes Patagônicos. O percurso tem cerca de 20 kms e alterna corredeiras de nível III e IV com trechos de remanso. O rafting nesta área está habilitado desde Novembro até maio, quando começam as chuvas e a neve.

Os guias da Extremo Sur são muito bem preparados e o equipamento muito eficiente nos protegendo da chuva e do frio. A cada trecho do rio de remanso o guia aproveitava o descanso e nos orientava sobre a melhor maneira de vencer a próxima corredeira e o que fazer em caso de cair na água. Cada corredeira do rio está batizada com um nome, alguns bem interessantes como: “Ovos mexidos, do grito, pavoroso, e o melhor de todos: Grite, chore e vire a esquerda. Neste último, depois de passar ao lado de uma pedra no meio do rio, a corredeira avança forte contra um paredão de pedra. O objetivo é não chocar-se contra ele e não virar o bote. Conseguimos!

Tudo foi muito divertido e emocionante. Terminamos o rafting justamente no lugar onde um marco delimita a fronteira dos dois países. Depois de secos, almoçamos um delicioso churrasco típico argentino oferecido aos participantes da aventura. Uma delícia!

Resolvemos ficar no vale, pois havia mais coisas a conhecer. Nos hospedamos nas Cabanas Puerto Manso. Em uma curva do rio, estão três cabanas típicas de montanha, todas construídas em madeira e aquecidas por lareira. Das enormes janelas da sala, podíamos ver o entardecer sobre o rio, que nesta parte é muito mais tranqüilo.
Amanhã mudaremos novamente de lugar e teremos mais histórias para contar. Espero vocês por aqui.

Peter Goldschmidt

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A Pedra Pintada e o lugar dos sonhos
4 de abril de 2009

Pedra Pintada

Depois de uma excelente noite de sono, embalados pelo som do rio, fomos visitar os arredores das cabanas. Conhecemos o senhor Oscar, um fazendeiro que cuida de um dos mais importantes sítios arqueológicos de Bariloche, as Pedras Pintadas.

No final do vale do rio Manso está uma das passagens mais baixas através da cordilheira dos Andes, o Paso el Leon com cerca de 400 metros de altura. Por isto, o vale era a rota natural de comércio e intercâmbio entre as tribos nativas da Patagônia e as que viviam no lado leste da cordilheira. Dentro da fazenda do senhor Oscar, foi encontrado um dos pontos de parada destas tribos, onde faziam fogo e descansavam de sua longa viagem. Ali os arqueólogos encontraram dezenas de desenhos com até 1.500 anos de idade. São pinturas com formas geométricas, humanóides e de animais típicos da Patagônia como o guanaco.

Elas estão em um enorme paredão de pedra que ainda está sendo estudado.

Depois de conhecer este bonito lugar, seguimos novamente nossa viagem em direção a outra fazenda chamada de Peuma-hue. Esta fazenda, transformada em hotel turístico, está localizada na face sul do Cerro Catedral e as margens do lago Gutierrez. Peuma-hue na língua Mapuche que dizer: “Lugar dos Sonhos” e descreve muito bem sua beleza. Durante a tarde tivemos oportunidade de percorrer seus limites através de caminhadas e passeios a cavalo.

Amanhã será nosso último dia por aqui. É um pena deixarmos para trás um lugar tão lindo, mas a saudade está falando mais alto. Mas ainda temos muito para contar. Espero vocês aqui. Inté!

Peter Goldschmidt

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Adios Bariloche
5 de abril de 2009

 

Laguna Verde

Hoje voltamos ao Brasil. Infelizmente nossa aventura em Bariloche terminou. Estou nas nuvens pois não esperávamos encontrar lugar tão belo. Estava tão acostumado a ver fotos de Bariloche coberta por neve, que não imaginava a quantidade de cores, lugares e atividades que estavam escondidas debaixo deste manto branco. Nos poucos dias desta expedição conseguimos descobrir uma Bariloche diferente, mais rural, um lugar cercado de altas montanhas, muito verde e muita gente bonita e simpática.

Optamos por nos hospedar em lugares fora da cidade e assim ter um contato mais próximo com a natureza. Ficamos em pousadas, hotéis, cabanas e fazendas, uma mais linda do que a outra. Infelizmente aqueles que ficam somente no centro da cidade perdem muito deste outro lado de Bariloche. Não há nada mais lindo do que dormir em uma casa de madeira, com a lareira acessa e despertar vendo através da janela um lago de cor azul celeste ou uma montanha coberta por verdes bosques. Abaixo faço uma relação dos hotéis que ficamos para que você também possa viver esta experiência.

Sem a neve do inverno, também pudemos aproveitar bastante as atividades de verão. Dedicamos muitos dias ao parque Nahuel Huapi, um lugar paradisíaco, praticamente desconhecido pelos brasileiros. Caminhamos por bosques de lengas e de Arrayanes, percorremos um rio de água transparente em caiaques, caminhamos pela estepe Patagônica, descemos de rafting as corredeiras do rio Manso, tocamos o gelo negro do Cerro Tronador e vimos o sol, o vento, a neve, a chuva, tudo em uma só viagem.

Espero que você tenha gostado de nos acompanhar nesta aventura e que em breve possam vive-la por vocês mesmos. Caso queiram conhecer mais este fantástico lugar, escrevam para a gente no seguinte e-mail: atendimento@goldtrip.com.br

Um grande abraço,

Peter Goldschmidt

A Família tem o apoio das seguintes empresas:

GOLDTRIP Consultoria e Viagens – GoldTrip.com.br
TIMBERLAND – www.timberland.com.br
PIGMENTUM – Comunicação Visual  – www.pigmentum.com.br
BEEPHOTO – Tudo para fotográfica – www.beephoto.com.br

CONTABIL ALVINÓPOLIS – Wagner Silva
CLIMED – Hospital Alberto Sabin 
Membro da Brazilian Adventure Society – BAS